Dicas
do Programa de Qualidade
OUTUBRO 1999
Ao
encontro de/ De encontro a
"A
idéia vem de encontro aos anseios
dos países da região.''
"A
idéia vem ao encontro dos anseios dos
países da região.''
A frase
pretendia explicar que os países da região apoiavam a idéia. Nesse
caso, a expressão é ao encontro de, que significa em direção a ou
a favor de. "As idéias do deputado vão ao encontro das do senador",
por exemplo, equivale a dizer que os parlamentares concordam. De
encontro a significa oposição, choque, e equivale a contra: "Seu
carro foi de encontro ao poste". Quem diz "a decisão do filho foi
de encontro aos desejos da família" está se referindo a um quebra-pau
familiar.
Por
que, porque
"A
Marinha não esclareceu porque (!)
há divergências...''
"A
Marinha não esclareceu por que
há divergências.''
Por
que se escreve separado quando significa "por qual razão": "A Marinha
não esclareceu por qual razão há divergências". Porque serve para
introduzir explicação ou causa e pode ser substituído por "pois":
"Ela não foi à festa porque estava doente/Ela não foi à festa, pois
estava doente". Note que essa substituição é impossível na primeira
frase. "A Marinha não esclareceu, 'pois' não há divergências" não
faria sentido.
De
+ o
"O
risco do (!) milionário perder
dinheiro é pequeno nesses casos.''
"O
risco de o milionário perder
dinheiro é pequeno nesses casos.''
A primeira
frase contém um dos erros mais frequentes no jornal. Como escapar
dele? Preste atenção.
O complemento
de "risco" não é "o milionário", e sim "perder dinheiro". Logo,
não é o risco do milionário, mas o risco de perder dinheiro por
parte do milionário. Nesse caso, não se faz a contração de + o.
Como
regra, não junte de + o ou de + a quando, em casos semelhantes,
o verbo vier logo após o substantivo. Por exemplo, "hora de a onça
beber água", não "hora da onça beber água".
Pessoas
não são 'comunicadas'
"O
presidente não foi comunicado (!)
do fato.''
"O
presidente não foi informado
do fato.''
Ninguém
pode "ser comunicado". Alguém comunica alguma coisa a outro alguém
("o presidente comunicou as novas medidas ao Congresso"). Ou seja,
o que pode ser comunicado é um fato, nunca uma pessoa ou entidade.
Estaria certo, por exemplo, dizer que as novas medidas foram comunicadas
ao Congresso pelo presidente. Mas não se pode escrever que o Congresso
"foi comunicado" sobre elas. Nesses casos, use "informado".
Voz
passiva
"Pode-se
exigir 50% de provisionamento...''
"Podem-se
exigir 50% de provisionamento...''
Aqui,
o "se" funciona como partícula apassivadora. A frase equivale a
"podem ser exigidos 50% de provisionamento" (note que o verbo vem
antes do percentual _50%_ e concorda com ele). Logo, o correto é
"podem-se exigir". É o mesmo caso de "vendem-se casas"/"casas são
vendidas".
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