Rodrigo Zavala
Com uma contundente falta de
tato e bestial espontaneidade, o deputado federal Elimar Damasceno
(Prona-SP) apresentou na Câmara projeto de lei que proíbe
o beijo homossexual em público, sob pena de multa ou
prisão. O político, em um rompante nada sutil
chegou a dizer até que “não é contra
os homossexuais, mas sim contra o homossexualismo”.
Em contrapartida, em uma insana cruzada
rumo ao caos, bispos da igreja católica defenderam
veementemente que o uso da camisinha pode propagar ainda mais
a epidemia de AIDS em todo o mundo. O dicionário Lexicon,
o livro que expressa o pensamento da Igreja Católica,
afirma que a taxa de insucesso do preservativo é de
10%.
A incoerência absoluta desses
anúncios evoca, em qualquer pessoa equilibrada, um
sentimento misto entre náusea, constrangimento e riso.
Em primeiro lugar, o de perceber o
quão ignorante de seu real trabalho e de questões
mínimas de sociabilidade pode ser um deputado. É
uma vergonha pensar que podemos ser representados por pessoas
que pensam de forma tão tacanha e pequena. Muito embora,
seja de se esperar esse tipo de (des) serviço em um
partido de ultra-direita como o Prona (Partido de Reedificação
da Ordem Nacional) com suas bombas atômicas e partidários
excêntricos.
Já no lado ecumênico,
vê-se uma igreja católica arruinando sua imagem,
já maculada repetidamente por padres pedófilos
e promíscuos, cumplicidade em massacres históricos
(ver novo filme de Costa-Gravas, Amén) e por esse tipo
de insensatez. Não cabe aqui falar se merecidamente
ou não, mas esse grosseiro moralismo a faz perder não
apenas credibilidade como também devotos.
A idéia aqui, diga-se, não
é ser a favor ou contra o sexo libertário, beijos
calorosos ou a preceitos católicos - mesmo pensando
que o Santo Império Romano não era santo, nem
um império e nem mesmo romano. O que se quer é
que teses infelizes como essas sejam vistas apenas como idiotices
anódinas.
Os anjos dizem amém.
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