A
distribuidora de combustíveis ALE, primeira a vender
biocombustível nos postos da rede, prepara-se para
ser também produtora de biodiesel. A empresa construirá
duas usinas com capacidade para produzir, cada uma, 50 milhões
de litros por ano. O investimento, que poderá chegar
a R$ 40 milhões, já foi aprovado pelos acionistas.
A empresa ainda precisa definir, contudo, detalhes do projeto,
como a localização das plantas.
No páreo estão cidades do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e do norte de Minas. O mais provável,
no entanto, é que a decisão fique entre Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. Isso porque a idéia é
usar soja ou palma como matéria-prima. No norte de
Minas, o mais viável seria produzir biodiesel a partir
do pinhão, fruto típico da região.
"A gente não esperava vender tanto biodiesel",
diz o superintendente da empresa, Cláudio Zattar. A
distribuidora de combustíveis começou a comercializar
biodiesel em março do ano passado. Em pouco mais de
um ano, 194 dos 487 postos da bandeira optaram por vender
o biodiesel - com mistura de 2% do concentrado fabricado a
partir das oleaginosas - em vez do óleo diesel convencional.
Pesquisas realizadas pela ALE mostraram que as vendas nos
postos que optaram pelo biodiesel cresceram entre 8% e 10%.
E não cresceram apenas no diesel. Aumentaram as vendas
também de álcool e gasolina. "É
o efeito do apelo ecológico", define Zattar. "O
motorista passa a dar preferência por aquele posto que
vende o diesel que polui menos, que está preocupado
com o meio ambiente".
Segundo o superintendente, o "marketing verde"
tem um apelo tão forte que alguns motoristas entrevistados
chegaram a relatar que houve melhora de performance do carro
abastecido com biodiesel. O que, tecnicamente, não
faz sentido. Além de distribuir o novo combustível
na rede, a ALE fechou contrato de abastecimento com 86 empresas
de transporte urbano e rodoviário. No primeiro semestre
deste ano, as vendas de biocombustível da empresa somaram
36 milhões de litros, equivalente a 13% das vendas
de diesel e 5% das vendas totais da empresa.
Entre o fim de 2004 e o início de 2005, a ALE foi
uma das primeiras empresas, possíveis investidoras,
para quem autoridades do governo federal apresentaram os estudos
sobre o potencial do mercado de biodiesel no país.
Os diretores da empresa chegaram à conclusão
de que não valia a pena investir, que o custo de produção
era alto e a rentabilidade, pequena.
Na época, os executivos mineiros aceitaram apenas
o desafio de colocar o combustível nas bombas de postos
da rede tão logo fosse inaugurada a primeira usina
de biodiesel, em Cássia (MG), o que ocorreu em março
de 2005. "O cenário mudou", diz hoje Cláudio
Zattar, justificando a decisão da ALE de construir
suas próprias usinas de biodiesel.
"O programa nacional de biodiesel é um novo Proálcool",
aposta Zattar. O superintendente da ALE está convencido
de que se trata de uma grande oportunidade de mercado, com
espaço para todos os empreendimentos já anunciados.
Projetos para a construção de mais de 30 usinas
já foram aprovados pela Agência Nacional do Petróleo
(ANP).
Segundo balanço divulgado pela ALE, as vendas da rede
no primeiro semestre cresceram 14,2% em relação
ao mesmo período do ano passado, somando 746 milhões
de litros. O faturamento foi de R$ 1,49 bilhão, 28%
maior que o do primeiro semestre de 2005. A distribuidora
mineira anunciou, neste ano, a fusão operacional com
outra bandeira, a potiguar SAT. As duas redes, no entanto,
ainda estão operando de forma independente. A fusão
só deverá ocorrer no fim do ano.
As informações são
do Valor Econômico.
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