Estudantes passam menos tempo na escola que
o determinado pela lei, diz estudo da FGV
Os estudantes brasileiros com idades entre 4 e 17 anos ficam,
em média, 3,8 horas por dia na escola, menos que a
jornada mínima prevista pela Lei das Diretrizes Básicas
da Educação, que estabelece quatro horas diárias
para os níveis fundamental e médio.
Na faixa etária que vai de
7 a 14 anos, recordista no país em números de
matrícula, a taxa é de 4,2 horas por dia. Já
entre os que têm de 15 a 17 anos, período que
compreende o Ensino Médio, o número de horas
diárias que o estudante passa na escola cai para 3,5.
Os dados fazem parte de um estudo
divulgado hoje (27) pela FGV (Fundação Getulio
Vargas). De acordo com o ministro da Educação,
Fernando Haddad, a permanência média dos estudantes
brasileiros na escola é considerada "insuficiente".
"Por isso é que sou francamente
favorável ao segundo turno sob a responsabilidade da
escola, mas não necessariamente dentro da sala de aula.
[Com esse objetivo] estamos instalando banda larga dentro
da escola e investindo no [programa] Mais Educação.
São expedientes que vão oferecer às escolas
oportunidade de estender a jornada com atividades culturais,
recreativas, esportivas", afirmou Haddad, que participou
na manhã de hoje (27) da abertura do seminário
sobre Metas da Educação, promovido pela FGV,
no Rio de Janeiro.
Ainda durante o evento, o ministro
informou que o objetivo do governo este ano é ampliar
a adesão ao Mais Educação atingindo,
até o fim deste ano, 5 mil escolas localizadas principalmente
em áreas de risco de regiões metropolitanas
dos grandes centros urbanos. No ano passado, quando o programa
foi executado em caráter piloto, 2 mil escolas participaram
da experiência.
Por meio do Mais Educação,
o governo federal repassa recursos para extensão da
jornada escolar, que são depositados diretamente na
conta corrente das escolas. Para atingir o objetivo, as instituições
podem investir em itens variados, como instrumentos musicais
e elementos para a quadra poliesportiva.
A pesquisa da FGV revela, ainda, que
o tempo de permanência na escola, considerando-se a
faixa etária entre 4 e 17 anos, é ligeiramente
superior entre as mulheres (3,87 horas contra 3,83 dos homens).
Já entre as adolescentes que já são mães,
o indicador sofre uma redução mais forte, caindo
para 0,87 hora.
Quando a análise se faz por
cor da pele, os brancos aparecem liderando o ranking (3,97
horas). Os negros ficam, em média, 3,83 horas na escola
e os pardos, 3,74 horas.
Outra disparidade evidenciada pelo
estudo é com relação à faixa de
renda. Os 20% mais ricos permanecem na escola em média
4,35 horas por dia, enquanto os miseráveis ficam 3,56
horas.
O mesmo acontece quando se observam
as regiões do país. No Sudeste, as crianças
ficam na escola 4,17 horas, enquanto na Região Norte,
permanecem 3,47 horas. A surpresa, segundo o estudo, fica
por conta da Região Sul (3,63 horas), com menos tempo
do que o observado no Nordeste (3,67 horas). Essa realidade,
aponta o levantamento, pode ser explicada pelas maiores oportunidades
de trabalho e renda no Sul, o que acaba contribuindo para
afastar as crianças da escola.
Entre os estados, o Distrito Federal
é o líder do ranking. Na capital federal, os
alunos na faixa etária de 4 a 17 anos ficam em média
4,38 horas por dia. Em seguida, aparecem os estados de São
Paulo (4,25 horas) e do Rio de Janeiro (4,14 horas). Na outra
ponta, com as menores taxas de permanência, aparecem
o Acre e Rondônia (ambos com 3,35 horas), seguidos por
Amazonas (3,41 horas).
Para realizar o estudo, foram analisados
dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), relativa aos anos de 2006 e 2004.