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comunidade
29/04/2004
Escola deixa aluno vulnerável, diz Unesco

 

A escola pública brasileira, que deveria ser um lugar de inclusão e convivência de diversidades, tem se transformado em um ambiente onde o aluno se sente vulnerável e inseguro.

Essa é a conclusão apontada no relatório preliminar da pesquisa "Vitimização nas escolas", que será apresentado hoje em Brasília pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

Entre os alunos entrevistados na rede pública de cinco capitais e do Distrito Federal, 83,4% disseram existir violência em sua escola. O roubo é o tipo mais freqüente, citado por 69,4% dos estudantes. Dos que já foram roubados na escola, 37,1% responderam ter sido vítima uma ou mais vezes no último ano. Um dado preocupante: 4,8% dos entrevistados assumem já ter participado de algum roubo na escola.

"O roubo se tornou algo secundário, normal. Foi completamente banalizado. Muitas vezes os alunos reclamam, mas não têm resposta de diretores ou professores. Isso faz com que se sintam vulneráveis", afirma a socióloga Miriam Abramovay, coordenadora da pesquisa.

Insegurança
Segundo a pesquisadora, há o relato sobre o caso de um professor que fez com que todos os alunos abrissem as mochilas após uma estudante ter denunciado um furto, o que fez os colegas de classe ficarem irritados com ela. "Isso faz crescer o sentimento de insegurança", diz Abramovay.

Além da banalização, a pesquisa aponta que o roubo pode ser um ato de exibicionismo ou de tentar obter aquilo que o aluno não tem. "Roubaram muita coisa na minha sala. Este ano, já perdi dois estojos cheios de lapiseira, caneta, lápis de cor. Mas tem que tomar cuidado. Dessas coisas pequenas, daqui a pouco estão roubando dinheiro", diz o depoimento de um aluno do ensino fundamental no Distrito Federal.

Abramovay apresentará hoje esses dados preliminares na abertura do Congresso Ibero-americano sobre Violências nas Escolas, em Brasília. O objetivo do encontro é incentivar a pesquisa e o intercâmbio de experiências, além de propor recomendações de políticas públicas para enfrentar a violência escolar.

No trabalho da Unesco foram aplicados questionários a 12.312 alunos e 2.395 adultos (professores, diretores e funcionários) em 143 escolas da rede pública das cidades de Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Distrito Federal.

A amostra foi expandida, por isso os dados correspondem, segundo a Unesco, a 2,115 milhões de estudantes do ensino fundamental e médio.

Agressão
Segundo o levantamento, 4,7% dos alunos já apanharam na escola durante o último ano.

Ao tratar de entrada de armas em escolas, a pesquisa mostra que a mais comum é o canivete: 21,7% disseram já ter visto um. Outros 12,1% disseram ter visto revólver na escola e 13%, faca.

"A minha colega entrou com uma faca de mesa. Porque a moleca de outra gangue queria agarrar ela, queria furar ela e ela trouxe uma faca", diz o relato de uma aluna do ensino fundamental de Belém.

Para Abramovay, a escola precisa se tornar um local de diálogo com o objetivo de tentar reverter o quadro de violência que tem sido registrado.

"Na escola tem funcionado a lei do silêncio, em que os alunos fingem que nada está acontecendo, os diretores ignoram e os professores também não falam, muitas vezes até por medo de represália. Com isso, a escola se torna um lugar desprotegido, que não consegue passar valores mínimos", diz a pesquisadora.

Apesar dessa visão crítica, 49,2% dos alunos consideram sua escola boa ou ótima. Outros 43,1% disseram que seu colégio é "mais ou menos".



LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo

   

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