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O bairro Cidade Tiradentes, zona
leste de São Paulo, assistiu, ontem, ao primeiro desfile
de moda da Coocity (nome provisório). Trata-se de uma
grife criada e bancada pela Associação dos Moradores
e Mutuários do Conjunto Habitacional Santa Etelvina
(Acetel), da própria região.
Na platéia, em vez de especialistas
do mundo fashion, estavam pais, mães, parentes e amigos
orgulhosos e a fim de conferir as tendências de moda
da Coocity.
"Desenhei os modelos e com a
ajuda das costureiras saí em busca dos tecidos no Bom
Retiro", contou a estilista da grife, Verônica
Rodrigues, de 19 anos, que deve retomar seu curso de estilismo
no próximo ano, se a marca der certo.
"As roupas terão boa qualidade,
baixo custo e a cara do que o pessoal daqui gosta de usar.
Não adianta nos inspirarmos nas revistas de moda, nas
tendências internacionais, somos um mundo a parte. A
Cidade Tiradentes tem seu próprio estilo de vida, por
isso, tem de ter sua própria moda."
Além de força de vontade,
o desfile contou com a solidariedade dos moradores do conjunto.
As modelos - com idades entre 4 e 18 anos, a maioria filhas
das costureiras da grife - trouxeram de casa seus melhores
sapatos e adereços para incrementar a estréia
da marca.
"Me inspirei nas cores dos prédios
da região como uma forma de homenagear esse lugar",
contou Verônica. "Também teremos muita roupa
com apliques de fuxico, pois temos uma escola que ensina a
fazer isso na comunidade", explicou ela, já fazendo
planos de lançar no próximo ano maiôs
e biquínis e também moda masculina na grife.
Para o presidente da associação
de moradores da região, Silvio Amorim, além
de facilitar a compra de roupas boas em Cidade Tiradentes
(o shopping mais perto fica a uma hora de lá), a grife
vai proporcionar empregos e aumento renda para muitas pessoas
da comunidade. As peças serão confeccionadas
pelas 32 costureiras da cooperativa da associação
e é esperada a contratação de mais gente.
"Também
teremos vendedoras que vão trabalhar como "sacoleiras",
de porta em porta, levando os catálogos da marca",
explicou a estilista Verônica. "Roupa boa, barata
e que faz a comunidade crescer, isso sim é fashion",
garantiu ela.
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