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Que tal ouvir rádio FM voltada
para o serviço à comunidade, com programação
feita pelo próprio cidadão? Basta sintonizar
a freqüência 104,9 FM, que é a sintonia
oficial das rádios comunitárias no país.
Em Itaperuçu, na região metropolitana de Curitiba,
a rádio comunitária se transformou num sucesso
de audiência. Ela é ouvida por praticamente todos
os cerca de 20 mil habitantes do município e alcança
até ouvintes de cidades vizinhas. A rádio de
Itaperuçu é considerada um modelo de eficiência
e sintonia com interesses sociais. O Paraná tem 90
emissoras autorizadas a funcionar com esse perfil, espalhadas
de Norte a Sul: em Curitiba, Guaratuba, Itaperuçu,
Rio Branco do Sul, Dois Vizinhos, Londrina e Maringá,
entre outros pontos do estado. Existem mais 344 pedidos de
autorizações em análise no Ministério
das Comunicações.
As rádios comunitárias
são administradas e mantidas por associações
e movidas a trabalho voluntário. Elas informam, divertem
e fazem um trabalho de conscientização da população,
em um alcance de, no máximo, um quilômetro. Com
dois anos de existência, a rádio comunitária
de Itaperuçu funciona em um estúdio improvisado.
Nas ruas do município, todos os moradores sabem dizer
onde fica a sede da emissora, numa "meia-água",
em cima do morro, no centro da cidade. A FM Itaperuçu
registra sua maior audiência no fim de semana, quando
a maioria da população está no município,
uma cidade dormitório. "Sou uma ouvinte fiel,
ouço todos os dias", afirma a comerciante Ilda
Maria Cabarrão Santos.
Além da audiência, a
rádio comunitária conta com uma minúscula
platéia: o músico João de Assis Viola,
64 anos, que passa horas na porta da emissora. O ouvinte sonha
recuperar a sua viola roubada e um dia cantar na FM Itaperuçu.
De acordo com João Viola, o povo gosta da rádio,
porque ela presta um bom serviço à comunidade.
A FM agrega dez associações, a Igreja Católica,
Assembléia de Deus e outras denominações
religiosas, 36 voluntários e um grupo de alunos dos
cursos de Comunicação e Direito da Universidade
Federal do Paraná (UFPR).
Entre os programas especiais de fim
de semana, está o Sajup, um serviço de assessoria
jurídica universitária popular, que repassa
informações sobre Direito à comunidade.
Ele é produzido e apresentado por estudantes da UFPR
no sábado à tarde. "O objetivo é
treinar líderes comunitários para que eles conheçam
e efetivem os direitos da população", informa
Davi Rachid Pezzato, aluno do 5.º ano de Direito, um
dos integrantes da equipe de produção do programa.
De acordo com a diretora-geral da
Associação Radiofusão Comunitária
Itaperuçu, Mírian Judite Bini Silla, o programa
mais ouvido da emissora é produzido e apresentado por
professores, no horário do almoço "Eles
fazem sucesso com os jovens, passando recados, avisos, dicas,
tudo sobre escola", diz. Ela afirma ainda, orgulhosa,
que faz muito sucesso aos sábados com o programa Palavra
de Mulher, das 18h30 às 20 horas. "O segredo é
falar bem dos homens", brinca.
Durante a semana, os programas são
variados. De manhã, a rádio toca notícias.
Um locutor lê e comenta as informações
dos jornais Gazeta do Povo e Tribuna do Paraná. À
tarde, a emissora toca músicas para todos os gostos,
ou quase todos. "As FMs comerciais não tocam as
nossas músicas, como moda de viola. É muito
difícil ouvi-las, exceto nas rádios AM, mas
não com som estereofônico", diz o músico
Adão Borges dos Santos, que divide horário,
à tarde, com a locutora Maria Ribeiro.
João Natal Bertotti
Da Gazeta do Povo, de Curitiba-PR
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