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13/10/2003
Rádios comunitárias levam lazer e cidadania à população no Paraná

Que tal ouvir rádio FM voltada para o serviço à comunidade, com programação feita pelo próprio cidadão? Basta sintonizar a freqüência 104,9 FM, que é a sintonia oficial das rádios comunitárias no país. Em Itaperuçu, na região metropolitana de Curitiba, a rádio comunitária se transformou num sucesso de audiência. Ela é ouvida por praticamente todos os cerca de 20 mil habitantes do município e alcança até ouvintes de cidades vizinhas. A rádio de Itaperuçu é considerada um modelo de eficiência e sintonia com interesses sociais. O Paraná tem 90 emissoras autorizadas a funcionar com esse perfil, espalhadas de Norte a Sul: em Curitiba, Guaratuba, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, Dois Vizinhos, Londrina e Maringá, entre outros pontos do estado. Existem mais 344 pedidos de autorizações em análise no Ministério das Comunicações.

As rádios comunitárias são administradas e mantidas por associações e movidas a trabalho voluntário. Elas informam, divertem e fazem um trabalho de conscientização da população, em um alcance de, no máximo, um quilômetro. Com dois anos de existência, a rádio comunitária de Itaperuçu funciona em um estúdio improvisado. Nas ruas do município, todos os moradores sabem dizer onde fica a sede da emissora, numa "meia-água", em cima do morro, no centro da cidade. A FM Itaperuçu registra sua maior audiência no fim de semana, quando a maioria da população está no município, uma cidade dormitório. "Sou uma ouvinte fiel, ouço todos os dias", afirma a comerciante Ilda Maria Cabarrão Santos.

Além da audiência, a rádio comunitária conta com uma minúscula platéia: o músico João de Assis Viola, 64 anos, que passa horas na porta da emissora. O ouvinte sonha recuperar a sua viola roubada e um dia cantar na FM Itaperuçu. De acordo com João Viola, o povo gosta da rádio, porque ela presta um bom serviço à comunidade. A FM agrega dez associações, a Igreja Católica, Assembléia de Deus e outras denominações religiosas, 36 voluntários e um grupo de alunos dos cursos de Comunicação e Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Entre os programas especiais de fim de semana, está o Sajup, um serviço de assessoria jurídica universitária popular, que repassa informações sobre Direito à comunidade. Ele é produzido e apresentado por estudantes da UFPR no sábado à tarde. "O objetivo é treinar líderes comunitários para que eles conheçam e efetivem os direitos da população", informa Davi Rachid Pezzato, aluno do 5.º ano de Direito, um dos integrantes da equipe de produção do programa.

De acordo com a diretora-geral da Associação Radiofusão Comunitária Itaperuçu, Mírian Judite Bini Silla, o programa mais ouvido da emissora é produzido e apresentado por professores, no horário do almoço "Eles fazem sucesso com os jovens, passando recados, avisos, dicas, tudo sobre escola", diz. Ela afirma ainda, orgulhosa, que faz muito sucesso aos sábados com o programa Palavra de Mulher, das 18h30 às 20 horas. "O segredo é falar bem dos homens", brinca.

Durante a semana, os programas são variados. De manhã, a rádio toca notícias. Um locutor lê e comenta as informações dos jornais Gazeta do Povo e Tribuna do Paraná. À tarde, a emissora toca músicas para todos os gostos, ou quase todos. "As FMs comerciais não tocam as nossas músicas, como moda de viola. É muito difícil ouvi-las, exceto nas rádios AM, mas não com som estereofônico", diz o músico Adão Borges dos Santos, que divide horário, à tarde, com a locutora Maria Ribeiro.


João Natal Bertotti
Da Gazeta do Povo, de Curitiba-PR

 
 
 

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