HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
Juventude
15/10/2003

Plástica em adolescentes cresce mais de 1.000% em nove anos

De cada 10 pessoas que procuram um cirurgião, uma é adolescente. Facilidade de pagamento e valorização da estética justificam explosão

A estudante Isabela Stump, de 17 anos, fez um pedido inusitado aos pais no ano passado. Queria de presente de aniversário uma cirurgia plástica para diminuir o nariz que considerava desproporcional. Isabela ganhou a operação e, agora, sonha com a possibilidade de aumentar os seios. “Quero colocar silicone. Minha mãe já deixou mas preciso de mais tempo”, diz.

Como Isabela, cada vez mais adolescentes querem corrigir o que nem sempre é um defeito. O número de operações realizadas em jovens de 15 a 18 anos no país, passou de modestas 5 mil por ano, em 1994, para 60 mil, em 2003. Um aumento de mais de 1000% em nove anos.

Hoje, de cada 10 pacientes que procuram um cirurgião plástico, um é adolescente.

Os motivos para o aumento da plástica entre os jovens incluem a facilidade de pagamento, simplificação das técnicas e a necessidade de se encaixar em padrões estéticos. “Eles passaram a valorizar o corpo e querem mudar o que não está bom”, admite Luiz Carlos Garcia, presidente da SBCP.

As meninas querem diminuir o nariz, aumentar ou reduzir os seios e acabar com as gordurinhas com o auxílio da lipoaspiração. Eles também procuram a plástica para diminuir o nariz. Depois, querem resolver as orelhas de abano e o aumento das mamas, chamado de ginecomastia. “Existe um padrão internacional de beleza e os jovens querem segui-lo”, diz o cirurgião Garabet Karabachian Neto. “Mas se a adolescente vai se sentir melhor, isso deve ser considerado”, acredita o cirurgião Ewaldo Bolívar.

Os especialistas admitem que a plástica na adolescência precisa ser cuidadosa, pois é uma cirurgia com riscos como qualquer outra. Além disso, nessa fase, a preocupação com a imagem é uma regra. “Não podemos banalizar a plástica. É preciso verificar se o jovem tem maturidade para isso”, alerta Ronaldo Golcman, chefe da equipe de Cirurgia Plástica do Hospital Albert Einstein.

Segundo Miguel Perosa, professor de Psicologia de Adolescência da PUC, a vontade de mudar o corpo nem sempre é do próprio jovem, mas pressão dos amigos e da mídia. “Os pais devem valorizar seus filhos por suas qualidades”, afirma. A preocupação tem sentido, principalmente quando se lembra que os padrões estéticos — assim como a opinião dos adolescentes — mudam rapidamente. A cantora Syang, de 33 anos, por exemplo, tirou 600 ml da mama quando tinha 17 anos. Depois, resolveu aumentá-las e colocou uma prótese de 300 ml.

Preço

O preço contribuiu para o aumento da plástica entre os jovens. Nos hospitais públicos é possível realizar uma cirurgia com valores mais modestos. No Hospital São Paulo, uma plástica de mama para redução ou implante de silicone sai por R$ 2,5 mil. A lipoaspiração varia de R$ 1,8 a R$ 4 mil. Nas clínicas particulares custa até R$ 10 mil. “O valor é menor porque se trata de um hospital universitário”, diz Miguel Sabino Neto, professor da Universidade Federal de São Paulo.

No Hospital das Clínicas, o Grupo de Cirurgia Plástica Facial, vai inaugurar uma enfermaria para cirurgias mais baratas. “O valor médio será de R$ 2 mil”, diz o cirurgião Perboyre Lacerda Sampaio. A idéia é diminuir a fila do SUS, que não cobre as cirurgias estéticas, apenas reparadoras.

Muitas vezes, a operação corretiva também é uma forma de resolver o problema. A estudante Isa Maria Bertolucci Zampieri, de 17 anos, aproveitou um desvio de septo para a plástica no nariz. “Ia me fazer à cirurgia, resolvi melhorar o formato do meu nariz, que tinha uma curvinha chata”, conta Isa. “Fiquei feliz com o resultado”, completa.


Luciana Sobral e Regiane Monteiro
Diário de S. Paulo

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
15/10/2003 Só aumento da renda e emprego salvam consumo interno
14/10/2003 Três motoqueiros morrem por dia em São Paulo
14/10/2003 Brasil adere a grupo de cidades do 1.º Mundo
14/10/2003 Frei Betto compara fome com Aids
14/10/2003 Escritor diz que judeu não é digno de simpatia
14/10/2003 Prona quer proibir beijo homossexual
14/10/2003 Responsabilidade social pode beneficiar micro e pequenas empresas
14/10/2003 IR prejudica mais quem ganha menos
14/10/2003 Uma em cada quatro meninas é abusada sexualmente
14/10/2003
MEC quer induzir formação de docente
14/10/2003
Professor ganham 50% do salário de um policial