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desenvolvimento social
20/12/2004
11% das empresas investem em educação

Mais da metade das empresas privadas do Brasil investe em algum tipo de projeto social. Entretanto, a educação, apontada por especialistas como a base de qualquer processo de desenvolvimento da sociedade, recebe recursos de apenas 11% das companhias.

Resultados obtidos por grandes empresas que escolheram a área como foco de seus investimentos mostram que esse é o caminho para benefícios de longo prazo.

"É como aquele velho ditado: é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe", diz Nathalie Beghin, coordenadora-adjunta da pesquisa sobre os investimentos da iniciativa privada no terceiro setor, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas).

Os dados, de 2002, traçam um panorama inédito e detalhado dos investimentos no terceiro setor e indicam o aumento da atenção à educação.

A Fundação Bradesco, uma das mais antigas investidoras nessa área, aplicou, no ano passado, R$ 128,9 milhões em projetos educacionais. Para 2005, a estimativa é que sejam investidos R$ 148,3 milhões.

Eliete Ferreira de Santana, 14, cursa a 7ª série do ensino fundamental na última escola inaugurada pela fundação, em Osasco (Grande São Paulo).

Filha de uma diarista que estudou até a 1ª série do ensino fundamental, ela faz planos para a faculdade. "Quero ser advogada, gosto das coisas certas. Todas as crianças deveriam estar em uma escola como esta. Tem muitos vizinhos meus que não estudam. Não têm vaga. Como eles podem querer ser alguma coisa?"

Crescimento
O número de empresas privadas que investem em educação tende a crescer, na opinião de Fernando Rossetti, diretor-executivo do Gife. Ele diz que, quando as ações sociais começaram a aparecer de forma significativa, nos anos 90, os projetos buscavam a garantia dos direitos das crianças e dos jovens -o que contribuiu para a criação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Hoje, esse cenário está mudando. "Trabalhar com educação é uma forma segura de contribuir para a superação das causas de muitos problemas sociais brasileiros", afirma Rossetti.

A Embraer também tem a educação como prioridade nos investimentos: são 14 projetos e cerca de R$ 48 milhões aplicados desde a criação do Instituto Embraer de Educação e Pesquisa, em 2000.

O principal projeto é o colégio Engenheiro Juarez Wanderley, de ensino médio, localizado em São José dos Campos (SP). Criado em 2002, formou neste ano a primeira turma, com 198 alunos.

O colégio oferece atividades extracurriculares, como oficinas de música e aulas de inglês, e tem carga horária de nove horas (quatro a mais do que o normal).

Das 462 mil empresas que têm algum tipo de atuação social, 19% têm como foco a educação, de acordo com a pesquisa. Pouco mais de metade (54%) investe em ações assistenciais, que respondem a necessidades imediatas.
"A maioria das empresas ou patrocina projetos existentes ou atende aos pedidos da comunidade e de entidades", afirma Nathalie Beghin, do Ipea.

Cláudio de Moura Castro, ex-diretor da área de educação do Banco Mundial e membro do conselho das Faculdades Pitágoras, estima que o valor investido em educação pelas médias e grandes empresas brasileiras gire em torno de R$ 1 bilhão. Não existe um levantamento específico de valores.

Auto-estima
A Coca-Cola, que investe R$ 41 milhões por ano em 143 projetos sociais e ambientais, tem apenas um programa voltado para a redução da evasão escolar.

O programa, realizado em parceria com escolas públicas, prevê que alunos da 5ª à 8ª série com grave risco de evasão atuem como monitores de estudo de 75 alunos da 1ª à 4ª série igualmente com dificuldades de aprendizado.

Atualmente são 33 escolas participantes em 14 municípios de oito Estados brasileiros. "Eu não tenho mais faltado às aulas e estou estudando mais", diz Vagner Carvalho, 15, aluno repetente que monitora três crianças com idades entre 7 e 8 anos.

"Nossas avaliações de resultados mostraram que o método é eficaz, não apenas na questão acadêmica como no convívio social dessas crianças", afirma Maurício Bacelar, gerente de relações institucionais da Cola-Cola Brasil.

 

MAYRA STACHUK
do jornal Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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