revitalização
20/12/2007

Novas fachadas da Liberdade vão preservar memória dos moradores do bairro

Heitor Augusto


Em cinco anos, os moradores do bairro da Liberdade vão voltar a viver no século XVII. Não, eles não vão entrar em uma máquina do tempo como a projetada pelo doutor Emmet Brown em “De Volta Para o Futuro”. Até 2011, as fachadas dos comércios e pontos do bairro (posto policial, cabines telefônicas, bancas de jornal, viadutos) vão ganhar desenhos inspirados na arquitetura oriental de 1600.

“Tentamos desenhar para o bairro uma memória para as pessoas”, avalia Márcio Lupion, líder da Kallipolis Arquitetura, equipe de arquitetos que projetou a nova cara do bairro. Serão remodeladas as ruas Tomás Gonzaga (conhecida pelos restaurantes orientais), Galvão Bueno (com a loja de cosméticos Ikesaki), São Joaquim (EE Presidente Roosevelt), Glória (Hospital Bandeirantes e 1° DP), Estudantes (lojas japonesas), Conselheiro Furtado (viaduto Shuhei Uetsuka), além do Largo da Pólvora (bonsais). (veja mapa aéreo).

Os novos desenhos estão recheados de simbolismos. A começar pela praça da Liberdade, onde acontece semanalmente a feira típica. No piso, serão desenhados diversos círculos com bordas vermelhas, à semelhança de uma gota que pinga em um recipiente com água e reverbera, formando ondas. O desenho é inspirado na lenda de criação do Japão: os deuses Izanagi e Izanami foram enviados pelo Senhor do Céu para acalmar o caos da Terra. Fincaram sua lança no mar e, das gotas de sal que saíam, eram criadas ilhas (o país é formado por quatro grandes ilhas, além de outras três mil pequenas que formam um arquipélago).

As ruas redesenhadas (veja fotos abaixo) serão apelidadas de “Caminho do Imperador”, inspiradas na lenda de que por onde o imperador passa, tudo floresce. A tradição chinesa no bairro também foi respeitada. O maior símbolo é o viaduto Shuhei Uetsuka, que vai ganhar traços característicos. Os restaurantes típicos também terão receberão fachadas especiais. O mini-shopping SoGo, na avenida Liberdade, terá um imenso dragão cinza desenhado nas janelas.

A praça em frente ao 1° DP, na rua da Glória, que hoje tem alguns pequenos jardins, vai ganhar a estátua de um Buda de seis metros. “Estamos pesquisando algo que possa representar a crença de todo o oriente”, explica Lupion, que foi monge por 16 anos.

Multiplicar a iniciativa
Separado da Liberdade pela rua Conselheiro Furtado, o bairro do Glicério é um dos mais degradados da cidade e concentra boa parte da população pobre da região. Nas ruas, é comum encontrar móveis velhos, entulho, calçadas esburacadas, casas com arquitetura do início do século XX destruídas. A região também é marcada por depósitos de materiais recicláveis.

Lupion acredita que a iniciativa pode ser multiplicada. “O morador de rua também tem de pertencer ao bairro. Não dá para jogar fora o ser humano”. O arquiteto acrescenta que os Campos Elísios, centro, também possui potencial de revitalização.

Orçamento
Os custos dos cinco anos de obra estão estimados entre R$ 45 e R$ 50 milhões de reais. “Pretendemos dividir a cota de patrocínio entre dez empresas, que terão seus nomes estampados em lugares onde colaboraram com a restauração”, explica Sebastião Roque, consultor na captação de recursos para a nova Liberdade. Segundo ele, quatro empresas praticamente confirmaram o patrocínio.

veja mais:

Veja o antes e o depois das ruas
Fotos das novas bancas de jornal, pontos de ônibus e postes de ruas

   
 
   
 

NOTÍCIAS ANterioreS:
19/12/2007
Curso ensina a cuidar de bois supervalorizados
18/12/2007
Postos de combustíveis precisam de profissionais mais qualificados
18/12/2007 Estudantes de Heliópolis tornam-se comunicadores populares
14/12/2007 Mercado do luxo em São Paulo
13/12/2007
Universitários e alunos da rede pública de SP interagem através do esporte
13/12/2007
Universidades e cursinhos da Liberdade criam conselho de segurança
11/12/2007
Ministério do Desenvolvimento discute criar secretaria para qualificação de trabalhadores
11/12/2007 Festival para jovens vai movimentar Parque da Juventude
11/12/2007
Para sindicato dos médicos faculdades praticam estelionato educacional
10/12/2007
Trilha é adaptada para receber pessoas com deficiência
Mais matérias