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desigualdade
20 /05/2004
País só cresce acima de 3% se distribuir renda, diz Bird

O crescimento econômico é que leva à redução das desigualdades ou a redução das desigualdades precede o crescimento e até contribui para ele, no caso brasileiro? O dilema movimentou ontem o último painel do 16º Fórum Nacional, realizado no Rio.

O diretor do Banco Mundial para o Brasil, Vinod Thomas, disse que sem uma melhor distribuição de renda fica "praticamente impossível" o Brasil crescer acima da casa dos 3% ao ano de forma sustentada porque a parcela da população incluída no mercado de consumo é insuficiente para promover um crescimento maior.

No trabalho que apresentou no Fórum, Thomas diz que as transferências
sociais, como o Bolsa-Família, "têm forte impacto sobre a redução da pobreza", aumentando em 20% a renda da população mais pobre.

Ele afirmou que o Banco Mundial pretende apoiar o Bolsa-Família com assistência técnica e com "mais de US$ 1 bilhão" nos próximos seis anos.

Thomas, que além de diretor para o Brasil é vice-presidente do Banco Mundial, mostrou comparações entre o Brasil e outros países, especialmente a China e a Índia, dois países que vêm crescendo a taxas elevadas.

Segundo ele, a China conseguiu, com crescimento econômico, tirar 168 milhões de pessoas da pobreza em dez anos, mas ressaltou que houve no período aumento da desigualdade no país.

Segundo Thomas, o efeito do crescimento é melhor na China do que no Brasil porque lá a sociedade já tinha um baixo índice de desigualdade quando o ciclo de crescimento começou.

Para o economista Cláudio Salm, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), "é ingenuidade ou má-fé" achar que o aumento das transferências governamentais para os mais pobres é capaz de dar conta da tarefa de reativar a demanda de forma a estimular a produção de "bens de consumo popular" e aumentar a geração de empregos.

"O discurso ortodoxo acredita, e isso está registrado nos documentos oficiais do Ministério da Fazenda", afirmou.

Capacidade de investir
Para Salm, o fundamental para o Brasil é retomar a capacidade de investir e, principalmente, a capacidade do Estado para promover os investimentos.

"O governo tem dado ênfase aos programas de cunho assistencialista, atribuindo-lhes poder de fogo suficiente para lograr o objetivo de redirecionar a demanda setorial. Não conhecemos os fundamentos dessa proposição, mas ela nos parece inconsistente", afirmou o economista em texto escrito que serviu de base para sua palestra no Fórum.

Salm ressaltou não ser contra os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Escola e o Bolsa-Família, desde que eles sejam tratados como emergenciais. Ele defendeu o aumento do salário mínimo como forma de melhorar a distribuição de renda.

O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, que havia falado na abertura do painel, apresentando e defendendo os principais programas do governo na área social, disse no final que não iria responder a Salm.
Mas afirmou que "o desenvolvimento social cria condições para o desenvolvimento econômico" e incorpora ao mercado de consumo "milhões de brasileiros".

Ananias afirmou que o Bolsa-Família e os demais programas de transferência de renda do governo "criam condições para a retomada do crescimento". Segundo ele, o Bolsa-Família atende hoje 3,9 milhões de famílias, com benefício médio de R$ 73 mensais.

 

CHICO SANTOS
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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