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SP
22/06/2006

Distritos já têm mapa da violência

Projeto São Paulo em Paz levantou dados de 3 áreas na primeira fase de plano para melhorar qualidade de vida

Um em cada cinco moradores desempregados; áreas dominadas pelo tráfico; ausência do poder público. Entre os jovens, muitas mortes, baixa escolaridade, gravidez precoce. Esse é o quadro que três distritos da cidade - Grajaú, na zona sul, Lajeado, na leste, e Brasilândia, na norte - querem mudar com o Projeto São Paulo em Paz, parceria da Prefeitura e do Instituto Sou da Paz.

O exemplo é o Jardim Ângela, bairro da zona sul que já foi considerado um dos mais violentos do mundo e conseguiu reduzir índices de criminalidade. De quebra, ainda pretendem romper estigmas. Como o que por décadas atormentou o vigia aposentado José Rodrigues, de 60 anos, cansado de perder empregos por viver na Brasilândia. "Falam que o bairro é muito perigoso, põem fama e acabam com quem tá aqui", reclama.

A primeira fase do São Paulo em Paz será apresentada hoje aos subprefeitos de Guaianases, Capela do Socorro e Freguesia do Ó/Brasilândia. É um grande diagnóstico sobre os distritos, escolhidos por critérios de vulnerabilidade social e juvenil, taxas de homicídio, potencial de articulação comunitária. Feito por técnicos do Sou da Paz, traz de mapas de crimes a dados de renda, escolaridade, história. Os mesmos resultados serão mostrados nas próximas semanas às equipes das subprefeituras, líderes comunitários e representantes de entidades, como Consegs, conselhos tutelares, polícias. Depois, vem a fase da discussão de prioridades para fazer o plano de melhorias e, a seguir, sua execução.

"No fim do ano, já vai dar para sentir diferenças", promete o secretário especial de Participação e Parceria, José Police Neto. "Mais do que reduzir índices de criminalidade, a idéia é promover a segurança", completa a coordenadora do São Paulo em Paz, Carolina de Mattos Ricardo, lembrando que isso só ocorrerá se a sociedade abraçar o projeto.

Abandono
Nos distritos, alguns problemas são comuns. Como falta de área de lazer e de iluminação, abandono dos jovens. Além da violência cotidiana. O estudo do Grajaú indica, por exemplo, que bandidos controlam entrada e saída de pessoas em vielas dos Jardins Itajaí e Noronha e na Favela ZR (Zona de Risco) e há toque de recolher no Jardim Reimberg. No posto de saúde do Jardim Eliana, há apenas três médicos para atender 77 mil pessoas por mês. E vandalismo e violência renderam à Escola Estadual Jardim Varginha 3 o apelido pouco pedagógico de Carandiru. Para piorar, o Grajaú - distrito mais populoso da cidade - fica em área de mananciais - e reivindicações por melhorias esbarram na lei.

Na Brasilândia, onde boa parte das vilas nasceu nos anos 70 a partir de loteamentos clandestinos em áreas públicas, moradores mais antigos lembram de quando o bairro era coberto por matas e não faltavam campos de futebol. "Hoje não tem espaço vazio nem para pôr o pé. E sobrou só um campinho bem pequeno no Parque Tietê", diz Cornélio Barbosa, de 50 anos, no bairro desde 1983.

Sem cuidados nem segurança, áreas livres são ocupadas por delinqüentes. "A melhor coisa do mundo foi construírem essa escola aí. O pessoal só vinha fumar droga, jogar lixo", diz o aposentado Aloísio de Castro, apontando para obras num antigo terreno baldio do Jardim Guarani. Na casa vizinha, Adriana Araújo Santos reclama de falta de lugar de lazer para os três filhos. Ela mora bem na frente da Emei Alex Freua Netto, trancada nos fins de semana. "Meu filho pede: 'Pula o muro para eu brincar'. Mas não tem sentido ficar pulando muro."

Para Police Neto, propostas simples mas eficazes na redução da violência, como abrir escolas para a comunidade aos sábados e domingos, serão levadas a autoridades municipais e estaduais com outros pedidos, como podas, rondas policiais, iluminação. "O importante é devolver o espaço público para a comunidade e potencializar programas que já existem." Entre eles, ganham destaque os que atuam na prevenção da violência doméstica, como a Casa Brasilândia, na zona norte, e o Centro de Defesa da Mulher Viviane dos Santos, no Lajeado. Finalmente, é preciso reverter um círculo vicioso: regiões com altos índices de violência afugentam investimentos. E comerciantes e empresários que poderiam gerar empregos no próprio bairro procuram regiões mais seguras.


Luciana Garbin

As informações são do O Estado de S.Paulo.

   
 
 
 

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