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espaço cultural
26/09/2005
Universidade de São Paulo planeja criação de Museu da Tolerância

Carolina Lopes

“A aberrante doutrinação do ódio e a exclusão do outro ameaçam a sobrevivência da própria humanidade”. É com esse pensamento que Anita Novinsky, professora da Universidade de São Paulo, fundou em 2002 o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância/USP (LEI). Materiais sobre o tema foram coletados, pesquisas realizadas, estudos concluídos. A necessidade de um espaço que reunisse todo esse conhecimento e se colocasse disponível à população tornou-se iminente. Com o estímulo da professora e apoio de outros pesquisadores surgiu a idéia do Museu da Tolerância.

A reitoria da Universidade aceitou recentemente a proposta. Cedeu para a construção do Museu um espaço de 5.800 metros na Praça dos Museus, no coração da USP. O projeto arquitetônico será fruto de um concurso público organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo. O custo da obra é estimado em 7 milhões e seus organizadores esperam conseguir o recurso através de iniciativas privadas e de institutos que tenham trabalhos semelhantes. O Museu da Tolerância não é novidade no mundo, mas é a primeira edição no Brasil. Está vinculado ao mesmo museu de Los Angeles, Nova York, Jerusalém, Atlanta, Washington e outras regiões.

O acervo do museu reunirá depoimentos, filmes, vídeos, fotografias, documentos históricos, poesias, canções, dentre outros registros. Terá também espaços destinados a imigrantes que se instalaram no Brasil difundirem suas culturas. Parte do acervo é fruto da doação de arquivo pessoal das professoras Anita (10 mil microfilme, alguns com conteúdo inédito no Brasil) e Maria Luiza Tucci Carneiro, pesquisadoras do LEI. A proposta é que o espaço seja um museu-escola. Sessões interativas serão instaladas com recursos de hipermídia para desenvolver as possibilidades de articulação com campos históricos, antropológicos, sociológicos, geográficos e artísticos.

Além da inovação temática, o museu pretende trazer novidades também na forma de se comunicar com o público. Criar situações para que o visitante se sinta no lugar de um refugiado, de um imigrante, de uma vítima do preconceito, é a proposta inicial da professora Maria Luiza, uma das diretoras do LEI. “Penso em colocar um longo e escuro corredor, ou um calçamento com pedregulho, para que a pessoa sinta a dificuldade de caminhar em situações como esta, ou até uma parede de tijolos que impedem a passagem”, conta a professora e pesquisadora, especialista em anti-semitismo, imigração, holocausto e racismo.

Outra simulação pensada pela professora é a de serem abertas portas que levam a países que refugiados já buscaram abrigo. “Na entrada da porta dos países ficariam os impedimentos que os refugiados encontravam. Tudo baseado em documentação histórica. No Brasil, por exemplo, judeus só entrariam após pagar um visto capitalista. Na porta da Austrália não eram aceitas pessoas da terceira idade. Nos EUA havia cotas por nacionalidade. É interessante porque as pessoas sentem na pele a distinção”, reflete.

Aos visitantes serão oferecidos meios para realizar pequenos ensaios, debater assuntos e trocar experiências em busca de soluções para as questões sugeridas nas práticas interativas. Uma das formas encontradas pelos idealizadores do museu é de através de oficinas serem abertos cadernos para que sobreviventes dos campos de concentração, de genocídios, da bomba de Hiroshima, de imigrantes de diversas nacionalidades, por exemplo, ou mesmo pessoas que tenham lembranças de fatos históricos como esses, escrevam suas memórias.

Além destas sessões, que serão permanentes, estão previstas mostras temporárias sobre as diferentes formas de intolerância e de tolerância, cujo os temas abordados serão: trabalho infantil, violência contra mulheres e moradores de rua, intolerância religiosa, entre outras temáticas.

Laboratório de Estudos sobre a Intolerância/USP
Nos anos 1970 Anita Novinsky foi pioneira ao introduzir os estudos inquisitoriais com o objetivo de mudar a visão de mundo dos jovens universitários. A partir de 1990 foram introduzidos cursos específicos sobre racismo e anti-semitismo junto ao Departamento de História e aos programas de pós-graduação em História Social; e Programa de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas, ambos da FFLCH. Teses inéditas produziram conhecimentos sobre as práticas racistas na Europa e no Brasil contemporâneos, o locausto, as íticas imigratórias e a produção de impressos racistas no Brasil.

Em junho de 2002, foi realizada a I Jornada Interdisciplinar sobre Holocausto, dedicado a orientar professores de I e II graus, e universitários. Em 25 de novembro de 2002 foi inaugurado na USP o LEI - Laboratório de Estudos sobre a Intolerância presidido por Anita Novinsky, projeto pioneiro de incentivo a pesquisa sobre a intolerância.

Resultado de anos de material coletado e estudado pelos pesquisadores do LEI, um conjunto de publicações acadêmicas e paradidáticas está sendo idealizado pelos pesquisadores do Laboratório e tornadas públicas através de uma coleções, cujo os títulos são: Histórias da Intolerância, Fontes para a História da Intolerância, Ensaios sobre a Intolerância, Testemunhos, Inventários DEOPS/SP, Imigrantes no Brasil (paradidáticos).


USP lança concurso para escolher projeto para sede de Museu
A Universidade de São Paulo (USP) lançará um concurso público nacional para escolher o projeto de arquitetura para a sede do Museu da Tolerância. O concurso está sendo organizado em conjunto com o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo.

Este será o primeiro Museu do gênero no Brasil e é uma iniciativa do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. O objetivo é o de dar conhecimento à sociedade dos resultados das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Laboratório e de centros de pesquisa congêneres nacionais e internacionais.

O Museu da Tolerância será instalado em um terreno localizado na avenida Professor Lineu Prestes, na Cidade Universitária. Prevê-se que a área construída total para o Museu seja de 5.800 metros quadrados e o custo da obra está estimado em R$ 7 milhões.

As inscrições para o concurso estarão abertas no período de 29 de agosto a 17 de outubro e o resultado do julgamento dos trabalhos será divulgado no dia 22 de novembro. Serão premiados os três melhores projetos, cujos autores receberão, respectivamente, R$ 30 mil, R$ 20 mil e R$ 10 mil, para o 1º, 2º e 3º lugares.

reitor da USP, Adolpho José Melfi; da presidente do LEI e uma das idealizadoras do Museu, Anita Novinsky
Adriana Cruz - Assessoria de Imprensa da USP

   
 
 
 
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