BRASÍLIA
- O governo vai promover mudanças no sistema de cadastramento
dos beneficiários dos programas sociais. As prefeituras
continuarão responsáveis pela seleção
dos nomes incluídos no Cadastro Único, mas o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome poderá intervir se houver evidências de
que a parcela mais pobre do município está fora
da lista. Nesse caso, o ministério poderá credenciar
órgãos estaduais, federais ou mesmo organizações
não-governamentais para cuidar da seleção
e inclusão de nomes na listagem até que a prefeitura
corrija o problema.
O diretor do Cadastro Único, Claudio Roquete, disse
que a proposta começará a ser discutida com
as prefeituras só depois das eleições
de outubro. Segundo ele, o ministério quer evitar que
o assunto seja explorado eleitoralmente nas campanhas, já
que vai expor falhas de muitos prefeitos.
A preocupação em adotar medidas para assegurar
que o cadastro inclua a parcela mais pobre da população
cresceu com a divulgação de que a maioria dos
incluídos na listagem é branca e não
negra nem parda. Conforme revelou anteontem Ali Kamel em artigo
publicado no GLOBO, 60,62% dos cadatrados são brancos;
17,11%, negros; 0,4%, pardos e 1,39% amarelos. Sobre 19,26%
não há informações raciais disponíveis.
A distribuição racial do cadastro contraria
o IBGE, que aponta concentração de negros e
pardos entre os pobres. Roquete se disse surpreso por dois
motivos: primeiro porque a distribuição racial
não reflete a realidade da pobreza no país e,
segundo, porque ele disse desconhecer o dado, que já
teria sido solicitado à Caixa Econômica Federal,
mas não informado sob a alegação de falha
técnica no sistema de informática.
DEMÉTRIO WEBER
do jornal O Globo
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