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reconhecimento
31/01/2005
Brasileiros que atuam em inclusão social são premiados em Davos

DAVOS (Suíça). O enorme tapete de sisal na entrada do Fórum de Davos, por onde passaram poderosos de todo o mundo, foi produzido por famílias pobres de Valente, no interior da Bahia. A divulgação do trabalho desses artesãos foi um prêmio para 700 famílias da pequena cidade brasileira. Elas sobreviviam vendendo uma tonelada de fibra de sisal por US$ 140, se organizaram numa cooperativa e hoje exportam até para os Estados Unidos. Não enriqueceram, mas saíram da pobreza absoluta: a tonelada de fibra hoje é vendida a US$ 350.

Este é só um exemplo. O Fórum Econômico Mundial abriu as portas do mundo premiando o trabalho de sete brasileiros que lideram projetos sociais de sucesso. Os projetos estão sendo copiados por vários países. Mas esses líderes se queixam que não estão sendo valorizados pelo governo brasileiro. A médica carioca Vera Cordeiro, da organização Renascer, que usa os hospitais para identificar famílias pobres e ajudá-las a sair da miséria, fez um apelo ao presidente Lula em Davos:

"Vocês precisam usar mais a gente, presidente", pediu.

Quatorze hospitais em três estados no Brasil adotaram o modelo do Renascer, que está sendo implantado até no Egito. Mas a médica não entende porque o projeto, que dá certo há 13 anos, não é melhor aproveitado no Brasil. Mesma frustração tem Ismael Ferreira, da associação Apaeb, que reúne as famílias de Valente. Ele disse que está desde 1997 pedindo ao BNDES e ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) crédito para comprar máquinas para colocar borracha antiderrapante nos tapetes — o que permitira as famílias exportarem mais — e não consegue. O BNDES sequer responde aos pedidos, e o BNB aprovou R$ 2,7 milhões dos R$10 milhões necessários, mas ainda não liberou o dinheiro.

Rodrigo Baggio, premiado internacionalmente com seu projeto de inclusão digital que criou quase mil escolas de informática em comunidades pobres de 20 estados brasileiros (o projeto foi levado a 11 países), disse que o governo está discutindo nove projetos parecidos que estão competindo entre si.

"É um desperdício de recursos", queixou-se.

O gaúcho Fábio Rosa dirige a Ideaas, organização que está levando energia alternativa a lugares rurais esquecidos.

O projeto “Parceiros Voluntários”, de Maria Helena Johannpeter, mobilizou empresas e pessoas em 65 cidades do Rio Grande do Sul, mas nunca foi aproveitado em outros estados:

"Somos internacionalmente reconhecidos, mas dentro do nosso país não estamos recebendo atenção", disse.

DEBORAH BERLINK
REGINA ALVAREZ
do jornal O Globo

   
 
 
 

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