Leia
repercussão da coluna: A
menina que dá aula para o Brasil
Prezado
Sr. Dimenstein,
Gostaria de fazer uma sugestão ao senhor, que
tem tantos contatos e acesso a tantos recursos. Que
tal se fizessem uma pesquisa séria sobre gestão
de recursos nas escolas públicas, comparando
com outros órgãos públicos e mesmo
empresas privadas? Algo que relacionasse porcentagem
do recurso gasta com atividades meio e atividades fim,
por exemplo. Ou com número de pessoas atendidas
e o tempo gasto com elas? Tenho certeza de que os resultados
seriam interessantes e forneceriam dados para o aprimoramento
da aplicação de recursos na educação.
Esta
minha idéia nasceu de minha experiência
profissional, que abrangeu escolas públicas e
particulares, as secretarias estaduais da educação,
da saúde e do meio ambiente, e ongs diversas.
Nessas passagens sempre tive acesso a informações
sobre recursos, quando não os gerenciei diretamente.
Com exceção de certas ongs, todos gastavam
um absurdo em atividades meio, se comparados com a escola
pública...
Na
escola a gente praticamente fabrica dinheiro e recursos.
É a cantina, as parcerias, o trabalho voluntário.
Nesta semana, por exemplo, aconteceram as excursões
envolvendo quase 100 alunos, a construção
do dreno da fossa da cozinha e a programação
da limpeza da calçada, que não é
pavimentada.
Não
vi coisas como essas acontecerem nos outros lugares
por onde passei. Não vi nada disso no único
outro país onde vivi, onde o investimento em
educação me pareceu simplesmente estratosférico
(tenho toda a documentação da secretaria
da educação da cidadezinha onde morei).
E
o pior é que o governo sabe disso e se aproveita.
Assim, toda a comunicação entre a escola
e os órgãos centrais é atualmente
feita pela internet, mas não se pode aplicar
os recursos oficiais no pagamento do provedor ou na
compra de peças de reposição, como
um mouse, por exemplo. É constantemente solicitado
que façamos seguro dos equipamentos, mas para
isso não podemos usar o dinheiro que chega da
secretaria.
A
Diretoria de Ensino fica em outro município,
mas não se paga o transporte dos funcionários
que somos obrigados a enviar para lá várias
vezes por semana. E otras cositas más. Para mim,
que estou na linha de tiro, é pura e simples
má fé... Eles sabem que a gente se vira
e pronto. Por isso, eu gostaria de ver isso quantificado
em algum tipo de estudo...
Pense
nessa idéia, por favor...
Ah,
e por favor não cite meu nome, se for fazer algum
comentário. Por lei não podemos falar
mal do governo, e também há uma orientação
explícita do nosso diretor regional para não
termos contato com a imprensa...
Grata pela atenção,
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