REFLEXÃO

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RADAR DO MUNDO
21/05/2007

Movimento gastronômico mobiliza país e muda a vida de estudantes

  Julia Busch

Alta gastronomia e inclusão social podem parecer dois mundos opostos, mas eles estão cada vez mais próximos. Essa relação deve-se a iniciativas que utilizam a culinária como um meio de afastar jovens da criminalidade, mostrando novas perspectivas de vida.

O chef inglês Jamie Oliver ficou mundialmente famoso não só por seus programas de culinária na televisão, mas também pelo seu engajamento social, que fica evidenciado em dois notáveis projetos: o “restaurante-escola” Fifteen e o programa de TV “A Cantina Escolar de Oliver”. A fundação Fifteen começou na cidade de Londres, em 2002, quando Oliver conseguiu unir duas ambições: abrir um restaurante e dar oportunidades a jovens carentes. A iniciativa tem o intuito de ajudar jovens - geralmente com problemas na escola, com drogas e violência e escola - e treiná-los para serem grandes profissionais na área da gastronomia, oferecendo apoio e inspirando-os a serem pessoas melhores.

Os alunos são treinados durante um ano nos próprios restaurantes – o chefe já possui quatro, dois na Inglaterra, um na Holanda e outro na Austrália - trabalham em turnos de cinco dias por semana e recebem instruções dos melhores profissionais na área, além de fazerem viagens a fim de conhecer mais sobre os alimentos. Quando formados, alguns, chegam até a ganhar bolsas de estudo em outros países da Europa e nos Estados Unidos.

Depois de sua experiência bem sucedida com o Fifteen, Jamie Oliver decidiu usar sua fama em benefício público novamente. Com a série de quatro episódios “A Cantina Escolar de Oliver”, o chef mostrou e criticou as péssimas condições dos alimentos nas cantinas escolares inglesas. A intenção era banir a “junk food”, ou seja, sanduíches, pizzas, frituras, e fazer com que as crianças se alimentassem de forma mais saudável, a partir da introdução de legumes e vegetais no cardápio, o que melhoraria a aprendizagem e concentração dos alunos, além de evitar a obesidade. Sua manifestação gerou um abaixo assinado com 271 mil assinaturas a favor da mudança nas cantinas escolares e fez com que o governo britânico investisse 280 milhões de libras na melhoria da qualidade das refeições estudantis.

GastroMotiva
Enquanto isso, do outro lado do Meridiano de Greenwich, iniciativas parecidas estão acontecendo. Aqui no Brasil, o chef David Hertz, com o projeto GastroMotiva (gastronomia com motivação), também ajuda jovens em situação de risco social através da culinária. A intenção do projeto é proporcionar um aumento na auto-estima desses garotos e tirá-los da marginalidade, uma vez que eles identificam seus próprios potenciais, renovando suas esperanças de profissionalização e sendo encaminhados a novas oportunidades de carreira e trabalho no mercado gastronômico. O chef aproximou-se do terceiro setor em 2003, quando criou o Cozinheiro Cidadão, programa de capacitação para jovens de baixa renda da favela Jaguaré em São Paulo, lá conheceu e ajudou a adolescente Uridéia de Andrade que foi escolhida para representar o país na ONU. “Vendo a transformação da vida dela, achei que poderia provocar uma transformação radical na vida de outros jovens também”, disse o chef. Hoje em dia, David mantém a GastroMotiva com a ajuda de sua ex-aluna.

Já qualidade da comida nas escolas também tem sido motivo de preocupação aqui no Brasil. Porém, a preocupação da chef Mara Salles é um pouco diferente. Além de ensinar a donas de casa e merendeiras do bairro São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, a aproveitar os ingredientes de maneira mais nutritiva, sem gastar nem desperdiçar muito, ela também quer resgatar culinárias típicas regionais. A culinária das festas juninas, por exemplo, foi a primeira a ser ensinada ao público nas quatro aulas ministradas no mês de maio. O curso foi uma iniciativa privada da Fundação Tide Setúbal e é mais uma evidência da criatividade do terceiro setor, sempre em busca de novas alternativas para a educação e inclusão social no Brasil e no mundo",
Julia Busch, aluna do 2º ano do Colégio Bandeirantes- juliabusch_@hotmail.com

   
Apresentação

O Radar do Mundo é produzido pelo projeto Idade Mídia do ensino médio do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, desenvolvido pelos jornalistas Alexandre Sayad e Gilberto Dimenstein, que mistura o mundo da educação ao da comunicação (a chamada educomunicação). Em uma sociedade em que a informação está presente na vida dos jovens durante o todo o tempo, a educação tem a necessidade de acompanhar essas novas demandas.

 
 
 

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