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"São Paulo tirou a literatura
brasileira do armário", diz o escritor Marcelino
Freire. E foi no espírito desta afirmação
que ele organizou o evento "Marco Literário",
que acontece a partir de hoje, até o dia 19, no Sesc
Consolação. (Confira programação
no quadro.)
O encontro reúne autores para falar da literatura produzida
atualmente no Brasil. E, principalmente, segundo Freire, assume
a capital paulista como marco do que tem acontecido hoje no
país nesta manifestação.
"Sem querer tirar o mérito das outras cidades,
mas é fato que a nova leva de escritores e sua movimentação
aconteceu em São Paulo. Muito do que foi e tem sido
feito aqui -revistas, sites, antologias- repercutiram em outras
capitais. Movimento que gerou outros movimentos", diz
Freire.
Como representantes de tal percepção, o organizador
escolheu escritores que, até então, nunca haviam
se reunido em público, para participar do que chamou
de "Encontro a Quatro Mãos". Caso de Ignácio
de Loyola Brandão, da geração 70, e de
Nelson de Oliveira, da 90, que estabelecem em conversa, hoje,
às 20h, uma espécie de embate entre possíveis
transformações, ou não, da criação
literária nesse período.
Ainda numa troca entre gerações, Clarah Averbuck,
uma das pioneiras da literatura em internet, encontra Márcia
Denser, que surgiu na década de 80. Entre as "duplas",
mais contemporâneas entre si, estão, Antonio
Prata e Xico Sá, Marcelo Mirisola e Reinaldo Moraes,
Joca Reiners Terron e Milton Hatoum, e Luiz Ruffato e Evandro
Affonso Ferreira.
Nas conversas, cada escritor vai começar lendo um texto
inédito, depois fará duas perguntas para o seu
parceiro de mesa. Hatoum lerá o conto "Um Intruso
na Noite", Ferreira, seu "Conto Inacabado",
parte do romance "Zaratempô!", que deve lançar
neste ano pela Editora 34. Moraes lê um dos contos do
livro "História à Francesa", que também
deve chegar às livrarias neste ano, pela Companhia
das Letras. Mirisola apresenta o primeiro capítulo
do romance que está escrevendo atualmente. "Não
sei o título, mas é uma grande trepada",
adianta.
Após as leituras, "é só deixar o
escritor falar que ele fala. A idéia é essa.
Como se a platéia estivesse vendo uma conversa em mesa
de bar. Infelizmente, sem biritar", brinca Freire, que
também fará a apresentação das
mesas.
O "Marco Literário" contará ainda
com intervenções teatrais inspiradas nos textos
dos autores convidados, feitas pela Cia. do Feijão,
com direção de Pedro Pires. As encenações
que serão realizadas em diferentes pontos da unidade
são resultado de uma colagem, entre outros, de trechos
dos livros "Dois Irmãos", de Milton Hatoum,
"Araã!", de Evandro Affonso Ferreira, "Banquete",
de Marcelo Mirisola em parceria com o cartunista da Folha
Caco Galhardo.
LUCIANA ARAUJO
da Folha de S. Paulo
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