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3. Ofensiva contra o crime

A falta de segurança tornou-se um grave problema social no Brasil. A violência, principalmente nas grandes cidades, aumentou a ponto de todas as famílias, ricas e pobres, sentirem-se ameaçadas no patrimônio, na liberdade de ir e vir e na própria vida. As perspectivas de desenvolvimento social e econômico de milhões de brasileiros ficam comprometidas quando quadrilhas de criminosos tentam se estabelecer como um poder paralelo em bairros inteiros ou em áreas de fronteira. A estrutura tradicional da segurança pública, ao mesmo tempo descentralizada e federalizada, funcionou mais ou menos adequadamente enquanto o crime era um problema eventual, desorganizado, descontínuo no tempo e no espaço. A entrada em cena do crime organizado, principalmente em torno do tráfico de armas e de drogas, colocou em cheque essa estrutura. Sozinhas, as polícias estaduais não conseguem enfrentar a organização desverticalizada das quadrilhas, sua grande mobilidade dentro do país, os vínculos com o exterior e o uso crescente de armas pesadas. Essa ameaça exige a presença mais atuante do governo federal, coordenando um sistema nacional de inteligência e operações policiais conjuntas. A fim de desempenhar adequadamente esse papel, o Governo José Serra criará o Ministério da Segurança Pública, ao qual ficarão subordinadas a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

O Ministério da Segurança Pública

Incumbirá ao novo ministério organizar o Sistema Nacional de Segurança Pública, integrando as ações dos demais órgãos e programas federais e atuando de forma articulada com as autoridades estaduais. A missão principal do Ministério da Segurança Pública será o combate ao crime organizado em suas várias ramificações: contrabando de armas, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, falsificação, contrabando, sonegação e os crimes contra a União e contra a administração pública. As primeiras providências nesse sentido serão:
  • Implantar em âmbito nacional o Sistema de Informação de Segurança Pública, uniformizando e sistematizando o registro de ocorrências policiais e a troca de informações sobre o crime organizado.
  • Criar, no âmbito desse sistema, uma Central de Mandados de Prisão de âmbito nacional, estabelecendo orientação de prioridade para prisão dos criminosos de maior periculosidade em qualquer ponto do país.
  • Montar forças-tarefas e operações conjuntas contra alvos específicos, envolvendo a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Receita Federal, as Polícias Estaduais e o Ministério Público.
  • Criar o braço fardado da Polícia Federal, equipando e elevando seu contingente total de 8 mil para 20 mil profissionais, para execução de ações táticas e ostensivas nas fronteiras, portos, rodovias e aeroportos e em operações especiais e conjuntas com as Polícias Estaduais e outros organismos.
  • Acelerar a implantação de presídios de segurança máxima, estaduais e federais, em áreas distantes dos centros urbanos, removendo para esses presídios os chefes do crime organizado que se acham presos, para que não continuem a comandar suas quadrilhas de dentro das penitenciárias.

Reforma dos órgãos de segurança

Paralelamente ao enfrentamento imediato do crime organizado, o Ministério da Segurança Pública, articulado com as autoridades estaduais, proporá e coordenará a execução de uma ampla reestruturação dos órgãos de segurança, incluindo as seguintes medidas:

Integração e qualificação das forças policiais

  • Definir numa lei federal, conforme prevê o artigo 144, § 7º da Constituição, as missões comuns e específicas de todas as polícias e as formas de cooperação entre elas, de modo a permitir uma maior integração e eficácia de suas ações.
  • Rever, de acordo com essa lei geral, as leis orgânicas das Polícias Civil e Militar, buscando a maior convergência possível das carreiras, formação e organização de seus integrantes.
  • Fortalecer a Academia Nacional de Polícia, para que sirva à formação e requalificação de policiais de todo o país, em parceria com as academias de polícia dos estados e de outros países.
  • Ampliar as funções das Guardas Municipais, nos termos de Proposta de Emenda Constitucional em fase adiantada de tramitação no Congresso. Se as Guardas Municipais puderem reforçar o combate ao pequeno delito em áreas pouco conflitivas, sob supervisão da Polícia Militar, esta terá mais homens e recursos para empregar em áreas e situações de maior risco.
  • Endurecer o combate à corrupção policial, com regras que possibilitem o pronto afastamento de policiais suspeitos e a investigação de seus atos por uma Corregedoria única, independente.

Controle de armas e munição

  • Reduzir, pelos meios legais adequados, a oferta e demanda de armas e munições, restringindo a venda e a utilização por quem não pertença aos órgãos de segurança e agravando as penas para o porte ilegal.
  • Criar um cadastro nacional de armas apreendidas, integrado com o cadastro de detentores legais de armamento.
  • Restringir as exportações de armas de fogo e munição para países que não possuam controle rigoroso, de modo a evitar sua reentrada ilegal no Brasil.

Segurança privada

  • Aperfeiçoar o controle e a capacitação das empresas e profissionais de segurança privada, delegando sua fiscalização aos estados e integrando-as operacionalmente aos órgãos públicos de segurança.

Participação e integração

  • Criar um sistema nacional de indicadores de segurança pública, permitindo aos cidadãos e às autoridades públicas comparar e acompanhar a evolução da criminalidade e o desempenho dos órgãos de segurança em cada estado e nas principais cidades do país.
  • Fortalecer o Conselho Nacional de Segurança Pública como instância de articulação federativa, com representantes dos três níveis de governo e da sociedade civil. Caberá a ele estabelecer diretrizes e normas técnicas comuns para os órgãos de segurança de todo o país, indicar prioridades, facilitar a integração das ações, acompanhar sua execução e avaliar os resultados.
  • Estimular a criação de conselhos estaduais e municipais de segurança, a difusão do policiamento comunitário e a implantação de centros integrados de cidadania, que reúnem no mesmo edifício unidades locais da Polícia Civil e da Polícia Militar, juiz de pequenas causas, promotor, defensor público, assistente social e psicólogo.

Modernização do Judiciário

A liberdade prematura dos assassinos da atriz Daniela Perez, a soltura por “bom comportamento” de Elias Maluco, apontado como executor do jornalista Tim Lopes, ou a branda condenação dos seqüestradores do publicitário Washington Olivetto, provocaram indignação na opinião pública. Também causam indignação e inquietação os milhares de inquéritos policiais engavetados sem conclusão, crimes prescritos devido à demora do julgamento e mandados de prisão que não são cumpridos. A fim de modificar esse estado de coisas, o Governo José Serra tomará as medidas necessárias no âmbito do Executivo e atuará junto ao Congresso Nacional e ao Judiciário com vistas a:
  • Rever dispositivos do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Lei de Execuções Penais que levam à impunidade dos criminosos e à morosidade da Justiça.
  • Aumentar a pena dos adultos que usem adolescentes na prática de delitos e dar tratamento diferenciado aos autores de crimes hediondos.
  • Estabelecer penas mais duras para crimes como roubo de cargas, invasão e fraude eletrônica, ataque a policiais e porte ilegal de arma.
  • Reduzir a burocracia, simplificar o andamento dos inquéritos e processos criminais e eliminar o excesso de recursos que retarda desmedidamente a conclusão dos casos na Justiça.
  • Acabar com as antiquadas férias forenses, garantindo o funcionamento ininterrupto da Justiça, doze meses por ano.
  • Ampliar a presença da Justiça na base da sociedade, junto ao cidadão comum, com a multiplicação dos Juizados Especiais.
  • Apoiar a construção de novas penitenciárias e centros de detenção provisória para criminosos com mandado de prisão decretado e detentos que estão em presídios superlotados e nas delegacias.

Plantar cidadania, colher paz

No Governo José Serra, o combate ao crime, especialmente ao crime organizado, será implacável e permanente. Ao mesmo tempo, serão adotadas medidas preventivas nas áreas mais carentes das cidades. Os índices de violência tendem a recuar nessas áreas, quando os moradores se organizam, reivindicam e conseguem melhorias na infra-estrutura urbana e em serviços essenciais. Experiências bem sucedidas mostram que políticas sociais integradas, envolvendo os três níveis de governo e a participação da comunidade, ajudam a virar o jogo contra a criminalidade. O Governo José Serra promoverá o aperfeiçoamento e estimulará a difusão dessas experiências para as áreas críticas da criminalidade em todo o país, coordenando diferentes ações:
  • regularização fundiária, para garantir, aos moradores de favelas e loteamentos irregulares a propriedade de seus lotes;
  • infra-estrutura urbana, como iluminação pública, saneamento, transporte e sistema viário;
  • educação, incluindo ensino básico, alfabetização de jovens e adultos, qualificação e requalificação profissional;
  • alternativas de trabalho e geração de renda, especialmente para os jovens;
  • esporte, cultura e lazer, com apoio à implantação ou melhoria de centros comunitários e quadras esportivas, e contratação de monitores recrutados nas próprias comunidades;
  • prevenção do uso de drogas e apoio à recuperação dos dependentes químicos.

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