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Programa de Governo - PSDB-PMDB

5. Unindo o Brasil pelo desenvolvimento

Junto com as políticas horizontais, destinadas a garantir a todos oportunidades de trabalho e acesso a serviços sociais de qualidade, o Plano Social incluirá medidas específicas para tratar de modo adequado aos desiguais. A integração de políticas econômicas e sociais terá sempre em vista a redução das desigualdades nas suas várias dimensões: entre pessoas e grupos sociais, entre campo e cidade, entre regiões e microrregiões.

Para isso, o Governo José Serra vai aprimorar os programas de transferência de renda destinados às pessoas e famílias mais vulneráveis; adotar medidas específicas para melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades; consolidar os assentamentos da reforma agrária e fortalecer a agricultura familiar; incentivar o desenvolvimento das localidades mais pobres e promover a integração das regiões Norte e Nordeste ao desenvolvimento nacional.

Além de articular ações em diferentes áreas do governo federal, essa estratégia de desenvolvimento exigirá uma integração cada vez mais estreita de programas e iniciativas do governo federal com os estados e municípios. José Serra tem a experiência de consolidar e ampliar o Sistema Único de Saúde, que, ao lado do FUNDEF, é um caso de sucesso na articulação de diferentes níveis de governo, sem ingerências políticas. Agora essa experiência pode e deve ser expandidas para outras áreas de governo – como é o caso particular da segurança pública.

A redução das desigualdades sociais e regionais só pode ser fruto de um amplo esforço coletivo. O governo fará sua parte, e cada brasileiro terá chance de também fazer a sua, empenhando-se na melhoria de sua própria vida e ajudando os outros, o que se chama solidariedade. Serão buscadas parcerias com organizações não-governamentais, com entidades representativas da sociedade e com o setor privado da economia. Parcerias bem sucedidas, como a que existe no combate ao analfabetismo pela Comunidade Solidária, serão continuadas e ampliadas.

Ajudando a quem se ajuda

Não basta a disponibilidade de vagas na escola para que elas sejam preenchidas por crianças que têm fome e precisam trabalhar. Assim como há pessoas e famílias tão desprovidas e desalentadas que não se animam a procurar os serviços de saúde.

A fim de ajudar essas pessoas e famílias e incentivá-las a ajudarem a si mesmas, o Governo José Serra garantirá a continuidade dos programas federais de transferência de renda que protegem os grupos mais vulneráveis entre os pobres: Bolsa-Alimentação, para crianças de 0 a 6 anos; Bolsa-Escola, para crianças de 6 a 14 anos; Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, para menores de 15 anos; Agente Jovem, para adolescentes em situação de risco; Abono Salarial, para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos; Seguro-Desemprego e Bolsa-Qualificação, para trabalhadores desempregados; Benefício Mensal da Assistência Social para idosos e portadores de deficiência; Renda Mensal Vitalícia, também para idosos; Seguro-Safra, para agricultores atingidos pela seca; Auxílio-Gás, para famílias pobres; Aposentadoria Rural.

Os programas de transferência de renda mais novos, como Bolsa-Escola e Bolsa-Alimentação, não se limitam a dar proteção sem uma contrapartida do beneficiário. O governo fornece o auxílio em dinheiro, mas a família faz a sua parte: garante a freqüência das crianças à escola, os cuidados alimentares e o cumprimento de uma agenda de saúde com caráter preventivo. Isso aumenta a eficácia das políticas de saúde e educação e estimula os mais carentes a recuperarem a confiança na possibilidade de mudar suas vidas com seu próprio esforço.

O Governo José Serra concluirá a implantação do Cartão do Cidadão e o cadastramento unificado dos beneficiados, para articular melhor os vários programas, fiscalizar melhor sua execução e avaliar os resultados. Isto permitirá ampliar o atendimento das famílias que vivem em situação de pobreza e têm crianças e jovens.

Vida melhor nas cidades

Os pobres das periferias das grandes cidades são os que mais sofrem com a carência de habitação, infra-estrutura e serviços urbanos, além de serem as maiores vítimas da degradação ambiental, da violência urbana, do desemprego e do subemprego. Todos os moradores das grandes cidades padecem com o trânsito congestionado e a insuficiência do transporte coletivo.

O Governo José Serra coordenará um esforço nacional para expandir e dar maior eficácia aos investimentos em habitação, saneamento e transporte, fundamentais para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para fomentar a geração de trabalho e renda na construção civil. Da mesma forma, estimulará os processos de renovação urbana, especialmente em áreas degradadas, por meio de engenharias financeiras estruturadas pela CEF e pelo BNDES, operações urbanas em áreas portuárias e centros históricos ou empreendimentos imobiliários de grande porte e parques tecnológicos.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano, já criado por lei, será instalado, com suas câmaras especializadas, para articular a participação dos estados, municípios e entidades representativas da sociedade nessa empreitada.

As propostas do Governo José Serra para habitação, saneamento e transporte urbano são apresentadas em outra parte deste programa, onde se enfatiza a importância dos dois setores para a geração de empregos.

Combatendo a pobreza urbana

O crescimento acelerado e desordenado das cidades brasileiras gerou ocupações de baixa renda em locais inadequados, como encostas de morros, mangues e margens de rios. Para que as cidades brasileiras deixem de ser cidades partidas, é preciso uma ação multilaretal, envolvendo investimentos em saneamento, drenagem, pavimentação, construção de habitações e melhorias habitacionais, regularização fundiária, transporte coletivo, serviços de saúde, educação e promoção social, além da geração de renda e emprego a partir das vocações do bairro. O Governo José Serra vai enfrentar este desafio, fomentando e financiando projetos municipais de erradicação de pobreza urbana com recursos do orçamento da União (Habitar Brasil) e de financiamentos do BNDES e CEF.

O novo Brasil rural

O imenso potencial de desenvolvimento do Brasil rural começou a ser redescoberto nos últimos oito anos.

Uma das dimensões desse desenvolvimento, mais conhecida, foi a extraordinária expansão e modernização da agricultura empresarial, dedicada principalmente à produção de grãos, à criação de gado e à fruticultura irrigada (ver item específico).

Outra dimensão, menos percebida, foi o desenvolvimento da agricultura familiar. Com 4,2 milhões de estabelecimentos, ela representa hoje 30% da área cultivada no país, 38% do valor bruto da produção e 50% da maioria dos produtos da cesta básica. Ocupando 77% da mão-de-obra utilizada na agricultura, é responsável por cerca de 14 milhões de postos de trabalho, permanentes e temporários.

A ampliação do acesso à terra, com o assentamento de mais de 500 mil famílias em 18 milhões de hectares nos últimos oito anos, no maior programa de reforma agrária já realizado no Brasil, fortaleceu a agricultura familiar e a geração de oportunidades de trabalho. Estima-se que, para cada família assentada, são criadas três oportunidades de ocupação, diretas ou indiretas.

Há uma terceira dimensão do Brasil rural menos considerada: o fato de que um terço da população brasileira vive em 4.500 municípios cujas atividades produtivas são essencialmente agrícolas, embora desenvolvam secundariamente atividades terciárias e secundárias. Uma parte dessa população, a que reside nas sedes dos municípios ou de seus distritos, é considerada urbana pelos censos do IBGE. A contagem de todos os moradores dessas pequenas cidades e vilas como pertencendo à população urbana tem levado à avaliação equivocada de que a população rural brasileira já é inferior a 19% e se aproximará de 10% por volta de volta de 2005, tendendo ao desaparecimento.

É preciso adotar um enfoque inovador para não subestimar a importância do Brasil rural e de seus problemas. Ele deve ser considerado como a parcela do território brasileiro em que vivem pequenas comunidades cuja atividade econômica de maior expressão é agrícola, mas que têm potencial para combiná-la com ocupações não-agrícolas. Para isso, precisa haver estímulo à formação de cadeias produtivas agrícolas e não-agrícolas, voltadas para o suprimento de mercados locais e regionais, e apoio à construção da infra-estrutura econômica e social necessária, como estradas, redes de água e esgoto, escolas, postos de saúde ou hospitais, centros culturais e esportivos.

Esse enfoque ampliado é necessário para integrar atividades agrícolas e não-agrícolas, garantindo a consolidação dos assentamentos da reforma agrária, implantados nos últimos anos, o apoio à modernização da agricultura familiar e o aproveitamento das novas funções que o meio rural tende a assumir, como a proteção ambiental, o turismo ecológico, as atividades de lazer e a produção de bens e serviços não-agrícolas. Os projetos de assentamentos rurais não se consolidarão isolados dos processos de desenvolvimento locais e regionais.

Adotando esse enfoque, o Governo José Serra combinará medidas de reforma agrária, de apoio à agricultura familiar e de fomento ao desenvolvimento integrado de microrregiões rurais.

Na formulação e implementação dessas medidas, cinco princípios serão observados: participação das organizações e movimentos sociais e dos trabalhadores e trabalhadoras assentados ou a serem assentados; integração entre os órgãos federais, estaduais e municipais, de forma a garantir a devida articulação entre os diversos programas públicos; descentralização das ações para melhorar a agilidade e a redução de custos na execução; proteção ambiental para garantir uma nova relação com o território, resgatando valores em que a natureza seja vista como fonte de sobrevivência e desenvolvimento social; e atenção ao mercado, para garantir a viabilidade econômica dos projetos.

Indicam-se, a seguir, as principais medidas e metas de desenvolvimento rural que o Governo José Serra implementará.

Reforma agrária

  • Consolidar os assentamentos implantados nos últimos oito anos, para que os agricultores assentados tenham uma vida digna e melhores condições de produzir. Um programa de solução das carências mais sentidas pelos assentados será estabelecido, com metas, cronogramas e recursos definidos.
  • Prosseguir no programa de reforma agrária com a implantação de novos assentamentos rurais. Os recursos destinados a novos projetos e a sua consolidação em três anos, em média, serão garantidos. As famílias serão contempladas com créditos de apoio, com valores atualizados periodicamente. A capacitação básica dos agricultores assentados será proporcionada ao longo dos primeiros dois anos. A infra-estrutura básica (como estrada, eletrificação rural e abastecimento de água) terá recursos assegurados antes da criação do projeto de assentamento e será implantada no prazo máximo de três anos a partir do início do projeto. Os serviços básicos de saúde e educação serão articulados pelo INCRA com outros órgãos do governo federal, de preferência antes da criação dos projetos.
  • Obter as terras para os novos assentamentos através, principalmente, da desapropriação por interesse social de áreas improdutivas, mas também pela arrecadação de terras públicas e pelo preenchimento de vagas em projetos de assentamento já criados. Somente em casos especiais, para atender necessidades emergenciais, adquirir terras através da compra de áreas produtivas.
  • Dar prosseguimento aos programas de crédito à aquisição de lotes e à montagem de infra-estrutura, como o Banco da Terra, o Programa de Crédito Fundiário e de Combate à Pobreza Rural e o Projeto Casulo, desenvolvidos de forma complementar aos mecanismos tradicionais de reforma agrária.
  • Reforçar a atuação do Banco da Terra, elevando o teto de financiamento para R$ 30 mil e instalando uma gerência estadual em São Paulo, o único estado que não conta com uma coordenação estadual.

Agricultura familiar

  • Agilizar e desburocratizar o processo de contratação das operações de crédito e aumentar a capacidade dos agricultores familiares de aplicar os recursos contratados junto ao PRONAF, mediante ações de capacitação, assistência técnica e assessoramento para o agronegócio.
  • Criar o Seguro de Renda Agrícola, inclusive para os agricultores familiares, cabendo ao governo federal, para viabilizá-lo, subvencionar com recursos orçamentários parte dos prêmios pagos pelos agricultores para a contratação do seguro.
  • Criar e consolidar Agências Regionais de Comercialização em todas as regiões consideradas prioritárias para a política de fortalecimento da agricultura familiar. O papel do governo federal será de indução e apoio, cabendo a gestão às organizações de agricultores familiares e assentados da reforma agrária e às instituições parceiras. As Agências Regionais de Comercialização serão estimuladas a se transformarem em Organizações Sociais, de modo a agilizar a transferência de recursos federais e estaduais.
  • Criar Serviços Regionais de Assistência Técnica em todas as regiões consideradas prioritárias para a política de fortalecimento da agricultura familiar, com recursos provenientes do governo federal, dos governos estaduais, das prefeituras e de parcerias com outras instituições públicas e organizações não-governamentais.
  • Criar um programa permanente de Habitação Rural, utilizando recursos do FGTS, para atender aos agricultores familiares e a seus empregados, formando vilas rurais, como as que estão sendo construídas no estado do Paraná.

Desenvolvimento local

O Governo José Serra incentivará a formulação e implementação, por municípios ou consórcios de municípios, de Planos de Desenvolvimento Rural, com o objetivo de consolidar os assentamentos da reforma agrária, fortalecer a agricultura familiar e oferecer melhores perspectivas aos municípios rurais mais pobres, favorecendo a interação entre a agricultura e os setores terciário e secundário e estimulando as iniciativas empreendedoras dos moradores locais.

No interior do Brasil, principalmente no Nordeste, mas também nas demais regiões, existem localidades – microrregiões, municípios, distritos ou bairros – que se caracterizam pela população rarefeita, estagnação econômica e elevados níveis de pobreza. Nessas áreas, mais do que dar o peixe ou ensinar a pescar, é preciso criar um ambiente social e econômico favorável à pesca. Para dinamizar essas localidades, o Governo José Serra aplicará uma estratégia de desenvolvimento baseada na participação da população local e na mobilização dos recursos locais.

Essa estratégia, chamada de desenvolvimento local integrado e sustentável, funciona assim. Cada localidade faz, com ampla participação dos moradores, um diagnóstico para conhecer sua realidade, identificar seus problemas e descobrir suas potencialidades. A partir desse diagnóstico é feito, também de modo participativo, um plano de desenvolvimento. Desse plano é extraída uma agenda com ações prioritárias que deverão ser executadas por vários parceiros: governo federal, governos estaduais, prefeituras, órgãos da sociedade civil.

Tudo isso é organizado por um fórum democrático, formado por lideranças locais. Estas participam de um processo de capacitação para a gestão do processo local de desenvolvimento. O governo federal coordena as negociações entre os vários parceiros responsáveis pela execução das ações contidas na agenda. É celebrado um pacto de desenvolvimento e assinado um termo de parceria com as metas a serem atingidas e os responsáveis por elas.

Combinada com programas de qualificação dos trabalhadores e com a oferta de crédito produtivo a pequenos e microempreendedores, essa estratégia cria ambientes mais favoráveis à abertura de novos negócios e à geração de novos postos de trabalho, contribuindo para promover um desenvolvimento mais integrado do conjunto do país e para reduzir as desigualdades sociais e regionais.

O Governo José Serra estimulará processos integrados e sustentáveis de desenvolvimento local, adotando, entre outras, as seguintes medidas:
  • Ampliar o programa Comunidade Ativa, visando, numa primeira etapa, sua implantação em localidades-pólos de 1.200 microrregiões.
  • Criar um novo programa de apoio à instalação de telecomunidades (centros comunitários de acesso à internet) nas 1.200 localidades-pólos escolhidas.
  • Estender gradativamente o programa até atingir 12 mil localidades-pólo.

Preservando o meio ambiente

A preservação ambiental, que já foi percebida como um obstáculo ao desenvolvimento econômico, começa a ser reconhecida como um ativo valiosíssimo. O Brasil, com a experiência dos erros do passado e os avanços no aproveitamento sustentável de recursos naturais, tem tudo para fazer da preservação ambiental um ponto positivo na imagem do país e um seguro contra o “protecionismo verde” que vários de nossos principais parceiros comerciais praticam ou ameaçam praticar. Serão prioridades do governo para a implementação dos princípios do desenvolvimento sustentável:
  • Reforçar as ações de defesa da biodiversidade, de proteção contra a depredação do nosso patrimônio genético para fins comerciais e de combate à biopirataria, inclusive com o emprego dos avançados recursos de monitoramento proporcionados pelo projeto SIVAM/SIPAM.
  • Consolidar o modelo de gestão colegiada e participativa do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
  • Incorporar critérios de compromisso com a defesa do meio ambiente nas licitações feitas pelo poder público, valendo-se do poder de compra da administração direta e indireta.
  • Promover a regulamentação do risco ambiental para efeitos de responsabilização por danos ambientais, no âmbito de bancos e seguradoras. Isso abrirá novos produtos para mercados financeiros, tornando os bancos vigias do compromisso de seus clientes com o desenvolvimento sustentável.
  • Estabelecer o marco legal adequado e incentivar a certificação independente, com vistas a abrir mercados de exportação para produtos orgânicos e florestais brasileiros.
  • Fomentar, junto aos governos locais, a reciclagem, o reaproveitamento e a implantação de coleta seletiva de lixo, assim como a redução da produção de resíduos em todos os setores da produção e do consumo.
  • Consolidar os Comitês de Bacia e fortalecer a gestão das bacias hidrográficas, que é o foco de avanços importantes no gerenciamento integrado de recursos naturais, com impacto direto sobre áreas como transporte, energia e urbanização.

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