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7. O governo ao lado dos cidadãos

A democratização deu ao Brasil uma Carta de direitos avançada, mas ainda não conseguiu dar ao Estado e à sociedade instrumentos eficazes para garantir que eles sejam respeitados.

Costumes arcaicos e uma legislação defeituosa expõem o processo eleitoral a distorções graves, enfraquecendo os partidos e distanciando o eleitor de seus representantes.

Nos três níveis de governo, uma parte da máquina administrativa continua presa a antigos vícios antidemocráticos, refratária aos princípios da legalidade e impessoalidade do serviço público, atrelada ao clientelismo, vulnerável à corrupção e alheia às necessidades do cidadão comum.

O remédio para as deficiências da democracia brasileira é mais democracia, tanto na política quanto no cotidiano. Isto implica:
  • Completar os aperfeiçoamentos da legislação eleitoral e partidária já parcialmente aprovados e estimular junto ao Congresso Nacional e à sociedade o debate de reformas políticas mais amplas.
  • Aumentar a presença do Estado como prestador de serviços e garantidor dos direitos dos cidadãos, sobretudo junto às comunidades mais pobres e menos assistidas, tanto no interior quanto nas grandes cidades.

A democracia e os partidos

Bom sistema político é o que garante representação, participação e governabilidade. Preocupada com a representatividade e a participação, a Constituição de 1988 descuidou a governabilidade, sem a qual a democracia não pode consolidar-se. Não criou, assim, as condições institucionais para a superação de alguns dos vícios mais salientes da vida pública no Brasil: o patrimonialismo, o populismo e o corporativismo.

O noticiário dos meios de comunicação, excluídos os exageros e as inverdades, evidencia a persistência do patrimonialismo, ou seja, da utilização da administração pública para fins privados, como uma das práticas mais nocivas e resistentes de nossa vida política.

Apesar dos avanços conseguidos nos últimos anos, não se pode afirmar também que o populismo tenha sido erradicado das administrações públicas brasileiras. A dificuldade para estabelecer prioridades no gasto público é seu traço mais visível, dele decorrendo o divórcio prático entre as despesas governamentais e as receitas disponíveis.

Quanto ao corporativismo, é patente a capacidade mantida por determinados segmentos organizados de apresentarem seus interesses particulares como sendo interesses do conjunto do país. Essas corporações defendem seus interesses empresariais, regionais e setoriais com argumentos patrióticos, ou os privilégios de áreas do funcionalismo e de empresas públicas com justificativas sociais.

Tais vícios decorrem, em grande medida, da busca de sustentação parlamentar e social por parte de governos pressionados pela ausência de partidos programáticos, unidos e fortes.

Há pessoas que não gostam de partidos. Mas é importante sublinhar que não há nenhuma democracia avançada, nenhum país civilizado do mundo, que não tenha partidos fortes. Reformar a política brasileira significa, portanto, basicamente, aperfeiçoar o sistema de nossas eleições para fortalecer nossa estrutura partidária.

Um conjunto de projetos aprovados pelo Senado Federal, em tramitação na Câmara dos Deputados, introduz aperfeiçoamentos importantes na legislação eleitoral e partidária. Entre esses aperfeiçoamentos, cabe destacar:
  • O financiamento das campanhas eleitorais passa a ser feito exclusivamente com fundos públicos, com critérios objetivos de distribuição dos recursos entre os partidos.
  • A representatividade de cada partido na Câmara dos Deputados, para efeito das prerrogativas regimentais, passa a ser determinada pelo número original de deputados eleitos pela legenda, sem levar em conta as mudanças de partido depois da eleição. Isso desestimula as trocas de partido.
  • Amplia-se o tempo de filiação exigido para concorrer a eleições por um partido, o que representa um desestímulo adicional à troca de legendas.
  • O voto é dado em listas partidárias, elegendo-se os candidatos na ordem de inscrição, embora seja mantida a possibilidade de o eleitor assinalar o nome de sua preferência dentro da lista.
  • É vedado o acesso aos recursos do fundo partidário e ao tempo de rádio e televisão aos partidos que não tenham abrangência nacional, o que desestimula a manutenção das chamadas legendas de aluguel.
  • São proibidas as coligações entre partidos nas eleições proporcionais.
O Governo José Serra estimulará o debate no Congresso Nacional e na sociedade sobre esses projetos e sobre a necessidade de reformas mais amplas, como a adoção do voto distrital misto para a eleição de deputados.

Um choque de eficiência e transparência no Executivo

O avanço da cidadania aumenta a exigência de mais e melhores serviços públicos, não só nas áreas mais carentes. Pobres, ricos ou remediados, os brasileiros estão cada vez mais conscientes de que as obras e serviços entregues pelo governo não representam nenhum favor, mas a retribuição devida do muito que pagam em impostos e taxas. Onde a infra-estrutura e os serviços estão ausentes, o cidadão-contribuinte cobra investimentos básicos. Aonde o básico já chegou, ele quer mais: quer qualidade.

O cidadão tem direito de receber do Estado um atendimento pelo menos tão bom quanto o que está acostumado a exigir como cliente de empresas privadas. A estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a modernização da máquina administrativa conseguidas nos últimos anos prepararam o Estado brasileiro para atender às novas exigências da sociedade.

Serviços públicos com qualidade

Os avanços registrados pelo Brasil nas áreas de educação, saúde, previdência e assistência social trazem algumas lições fundamentais:
  • Descentralização é a chave para a boa execução de políticas públicas, principalmente políticas sociais, num país extenso e heterogêneo. Como regra geral, a União deve cuidar da coordenação das políticas, deixando a execução para os estados, municípios e entidades não-governamentais.
  • Controles sociais eficazes são indispensáveis para que a descentralização funcione bem. Os controles formais do Estado não garantem os resultados do gasto, se na ponta não houver cidadãos atentos e organizados para cobrar.
  • Os brasileiros não só querem mais e melhores serviços públicos, como aprendem de forma espantosamente rápida a usar o que há de mais moderno para acessar as informações e serviços de que necessitam, como demonstram as declarações do imposto de renda via internet ou o voto em urnas eletrônicas. Graças a essa agilidade e às iniciativas do governo, já somos um dos países mais adiantados do mundo em governo eletrônico.
O Governo José Serra levará o Brasil ao salto adiante desejado na disponibilidade e qualidade dos serviços públicos, promovendo a disseminação das experiências bem sucedidas e a introdução de formas novas e mais eficazes de conjugar descentralização, controles sociais e governo eletrônico. Para tanto, as ações do governo se nortearão pelas seguintes linhas:
  • Consolidar as bases legais e administrativas de um verdadeiro federalismo cooperativo, aprimorando ou, quando for o caso, criando regras claras e eficazes de integração das ações da União, estados e municípios na formulação, financiamento, execução e avaliação das políticas públicas.
  • Facilitar a cooperação entre municípios na execução de serviços e obras de interesse comum, tanto nas regiões metropolitanas quanto no interior, promovendo para esse fim as mudanças necessárias na legislação federal. Será estudada e eventualmente proposta a criação de um nível de governo intermediário entre estado e município, o distrito de serviços, a exemplo do condado em outros países.
  • Fortalecer e aprimorar a participação dos conselhos locais no acompanhamento dos programas federais.
  • Buscar a integração na ponta das ações federais, estaduais e municipais, em torno das prioridades indicadas pela comunidade local a partir de uma visão de conjunto de suas próprias carências e recursos. As experiências bem sucedidas do programa Comunidade Ativa mostram que esse tipo de estratégia de desenvolvimento local integrado e sustentável, além de mais democrático, é capaz de aumentar muito a eficácia do gasto público.
  • Multiplicar, em parceria com os estados e municípios, os pontos de atendimento onde o cidadão tem acesso a um amplo leque de serviços, informações e documentos públicos.
  • Ampliar as atividades e criar mecanismos de acesso e respostas rápidas da Ouvidoria da União, criada recentemente, para o recebimento de denúncias e reclamações sobre o atendimento dos órgãos da administração federal e de programas e entidades que recebam recursos federais.

Governo eletrônico

As novas tecnologias de informação e comunicação começam a mostrar seu potencial para revolucionar, no sentido democrático, a relação governo-cidadão. O Governo José Serra tratará de acelerar a assimilação dessas tecnologias pela administração federal, estados e municípios e, sobretudo, pela sociedade, fazendo do governo eletrônico um elemento-chave de sua política de democratização do acesso aos serviços públicos e melhora de sua qualidade. Nesse sentido, o Governo José Serra atuará para:
  • Colocar na internet, num prazo de dois anos, todas as informações e serviços dos órgãos federais que sejam relevantes para o cidadão. Uma parcela desses serviços já está disponível, atualmente.
  • Expandir o uso do cartão magnético e implantar o número único de identificação do cidadão, fornecido com a certidão de nascimento, para facilitar o acesso a todos os benefícios e o pagamento de todas as contribuições sociais federais.
  • Disponibilizar, além de serviços, informação sobre toda aplicação de recursos orçamentários ou financiamento destinado a cada região, estado ou município, desburocratizando a tramitação e facilitando o controle social dessas transferências.
  • Integrar progressivamente os serviços pela internet e as rotinas administrativas que lhes dão suporte, atravessando as fronteiras entre órgãos e níveis de governo.
O objetivo final dessas medidas é que o cidadão possa encontrar na mesma página da internet, 24 horas por dia, nos sete dias da semana, todos os serviços essenciais a cada fase de sua vida, da consulta médica pré-natal à requisição de aposentadoria, sejam esses serviços federais, estaduais ou municipais.

Prioridades específicas

  • Na área de emprego, a meta é interligar, no prazo de um ano, os bancos de dados de todas as unidades do SINE, disponibilizando no mesmo portal da internet informações sobre oportunidades de emprego e de treinamento em todo o país e permitindo o encaminhamento de currículo e marcação de entrevista.
  • Na segurança pública, o governo federal dará forte apoio aos estados para a implantação e disseminação de sistemas de informação integrados ao INFOSEG. Além de apoiar as ações da Polícia e do Ministério Público, esses sistemas permitirão ao cidadão registrar ocorrências policiais pela internet.
  • Na área da saúde, será priorizada a implantação da Rede Nacional de Informações sobre Saúde - RNIS - e do Cartão SUS, dando acesso instantâneo ao registro histórico de saúde do paciente e permitindo um melhor controle dos gastos.
  • Na educação, todas as escolas públicas e bibliotecas estarão ligadas à internet até 2006, conforme meta já definida no atual governo.
  • Na defesa do consumidor, um portal da internet, interligando todos os Procons, entrará no ar no início do futuro governo, unificando nacionalmente o registro e a consulta às listas de empresas com pendências.

Universalização do acesso

  • Multiplicar as formas alternativas de acesso à internet – terminais em órgãos públicos, agências dos Correios, bancos e empresas prestadoras de serviços, escolas, sindicatos, associações comunitárias – para a grande maioria de brasileiros que ainda não tem um computador pessoal em casa ou no trabalho.
  • Integrar todos os órgãos da administração federal a uma central de atendimento telefônico, que dará acesso aos serviços e informações disponibilizados na internet.

Controle do gasto público

Um choque de eficiência na administração pública será o maior desafio para conciliar as estratégias econômicas e fiscais. A diretriz será prestar mais e melhores serviços públicos, absorvendo a mesma carga de tributos extraídos da sociedade e, se possível, reduzindo-a.

O Governo José Serra se empenhará, com particular atenção, em três metas voltadas para reduzir custos e aumentar o controle da sociedade sobre as contas e coisas públicas, a serem implantadas até 2006:
  • Ampliar o pregão eletrônico Compras.Net, até que inclua todas as compras de bens pelo governo federal e crescentemente serviços, de modo que, se for mantida a economia atual (redução média de 25% nas compras realizadas), tal modalidade poderá liberar mais de R$ 3 bilhões por ano para custear outros gastos federais.
  • Criar Obras.Net, para apresentar todos os projetos de investimentos realizados ou apoiados pelo governo federal, detalhando responsáveis, custos, metas e evolução, bem assim convênios concedidos por região e localidade.
  • Apoiar programas de modernização dos governos estaduais e municipais e dos demais poderes, em particular da Justiça, para criação de uma rede nacional de serviços, conectando todos os órgãos públicos em um portal único de modo a desburocratizar e dar transparência total à administração pública.

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