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Crítica
20/11/2001 - 02h52

Cabruêra apresenta mistura de Jackson do Pandeiro e Pink Floyd

DIEGO ASSIS
da Folha de S. Paulo


Não é forró, maracatu, ciranda ou embolada. Não é rock, funk, reggae, muito menos música pop. O som dos cabras da Cabruêra, que se apresenta hoje à noite no Blen Blen, é nada disso e tudo isso ao mesmo tempo: é uma misturança só.

"O rock'n'roll não é só uma guitarra distorcida. É atitude", defende Arthur Pessoa (voz, percussão, acordeão, violão, caneta Bic e daí por diante). "A idéia é usar as influências da música estrangeira dentro da diversidade cultural que o Nordeste carrega."

No entanto, mais do que um simples caldeirão de ritmos, a Cabruêra é uma banda que aposta no experimentalismo, citando referências como Hermeto Paschoal, Tom Zé e Duofel. "É a tradição de reutilizar objetos que aparentemente não serviriam para fazer música", afirma Pessoa.

Em canções como "Forró Esferográfico", para citar um só exemplo, o músico substitui a tradicional palheta do violão por uma caneta Bic comum para obter uma sonoridade semelhante a de uma rabeca acelerada. Na cozinha de baixo e bateria, é comum os músicos lançarem mão de lixas de unha e de pé atingindo resultados inusitados. "Ninguém da banda gosta de ficar a preso a um determinado instrumento. Até nisso rola uma verdadeira ciranda", admite Pessoa.

Incrementando mais ainda as apresentações da banda, ele destaca as performances cênicas no palco e a inserção de poemas e tradições orais em suas canções. Nesse sentido, há o reaproveitamento da estética do cangaço, definido por Pessoa como o principal motor da "guerrilha cultural" pretendida pelo grupo. "Assim como a cabra, que resiste às secas devorando tudo o que vê pela frente, nossa intenção é fazer isso com a música", filosofa.

Com um CD homônimo lançado em outubro último pelo selo Nikita, a Cabruêra se apresentou em São Paulo no final de 1999. Em seguida, passou pelo Abril pro Rock e participou de festivais de música brasileira na Inglaterra, Bélgica, Alemanha e em Portugal. "O pessoal pira ao ver que o Brasil não é só samba e bossa nova, mas que existe também uma tradição rica no Nordeste. E isso tudo misturado com drum'n'bass e rock", lembra Pessoa.

Mas, para continuar sobrevivendo em meio às intempéries da indústria musical do país, os paraibanos de João Pessoa e Campina Grande tiveram de pegar seus instrumentos e baixar para o "Sul Maravilha". Com a intenção de cumprir uma agenda de shows mais regular, além dos trabalhos de divulgação do disco, os cangaceiros acabam de se mudar, de mala e cuia, para o Rio de Janeiro.

CABRUÊRA -
Grupo formado por Arthur Pessoa, Fred Guimarães, Orlando Freitas, Zé Guilherme, Tom Rocha e Alex Magno faz show de lançamento de seu primeiro CD.
Onde: Blen Blen Brasil (r. Inácio Pereira da Rocha, 520, Pinheiros, região oeste, tel. 3815-4999). 580 lugares
Quando: hoje, às 23h
Quanto: de R$ 10 a R$ 15


   
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