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Crítica
07/06/2002 - 09h52

"Quarto do Pânico" é o primeiro grande filme americano do ano

SÉRGIO DÁVILA
da Folha, em Nova York


"Quarto do Pânico" é o melhor filme com edifício como personagem desde "O Bebê de Rosemary" (68), de Roman Polanski. Seu diretor, numa época em que diretores são tão importantes em Hollywood quanto datilógrafos numa editora de livros, tem caráter e personalidade.

Estou falando de David Fincher, o mesmo dos excelentes "Alien 3", "Seven" e "Clube da Luta". Se um filme de suspense é tão bom quanto seu vilão, os dele são tão bons quanto o cinegrafista. Os movimentos de câmera de "Quarto" não apenas registram as imagens, mas fazem comentários sobre a trama. Assim, uma cena começa num quarto e continua, sem cortes, por dentro do tubo mínimo que é a única entrada de ar deste quarto; ou parte de uma chaleira que esquenta água até o bico que solta o vapor. Pense em Hitchcock, pense em Brian de Palma, pense em muito talento.

Tudo se passa numa townhouse do Upper West Side nova-iorquino, com vários andares e apenas duas moradoras, uma mulher recém-divorciada e sua filha pré-adolescente, que acabam de se mudar. Ela é Jodie Foster, aqui tão frágil como naquele comercial da Coppertone que fazia aos dois anos, e tão abandonada que você tem ganas de abraçá-la e prometer que a vida é boa.

A menina, a novata Kristen Stewart, também segura bem como a garota diabética que inspira cuidados especiais. O filme começa com as duas se adaptando na residência de luxo que conta com o tal "quarto do pânico" do título, artifício cada vez mais comum entre as classes endinheiradas norte-americana e européia.

Trata-se de um aposento impenetrável por estranhos, com provisões e monitores que vigiam todo o resto da casa, para onde o morador se retira em caso de ameaça, parecido com o que o banqueiro Edmond Safra se refugiou na vida real em Mônaco e que acabou lhe custando a vida.

Aqui, mãe e filha se trancam quando um bando liderado por Forest Whitaker invade o prédio. O problema é que os gatunos querem exatamente o tesouro que está escondido dentro do tal quarto, e aí começa a guerra psicológica entre o trio de bandidos e as duas mulheres, gatos e ratos, mas nem sempre nesta ordem.

A personagem de Jodie Foster passa do desespero e do acuamento para o controle da situação com verossimilhança e sem em nenhum momento vestir a roupa de Rambo tão cara ao cinema norte-americano. Já Whitaker dá caráter tridimensional ao seu funcionário corrupto da seguradora que instalou o quarto e que quer dar o golpe para mudar sua vida.

Se o ator negro está competente como sempre, os outros dois membros do bando se anulam como positivo e negativo. Jared Leto deveria ser multado por excesso de interpretação, como disse alguém; já o músico e ator bissexto Dwight Yoakam veste perfeitamente a carapuça do psicopata Raoul (eles são mais conhecidos por suas namoradas na vida real, Cameron Diaz e Bridget Fonda, respectivamente; eu sei, dá raiva).

Se você está pensando no primeiro grande filme americano do ano, é isso mesmo. Os próximos são "Insônia" (do diretor de "Amnésia/Memento") e "The Salton Sea", este infelizmente ainda não comprado pelo Brasil.

 Serviço

Quarto do Pânico (Panic Room)
Direção: David Fincher
Produção: EUA, 2002
Com: Jodie Foster, Kristen Stewart, Forest Whitaker
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Eldorado e circuito


   
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