São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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México saboreia de "jumiles" a gafanhotos

PEDRO MIGUEL
DO "WORLD MEDIA"

Deixar escapar comida da boca quando se come é falta de educação. Mas a coisa se complica para quem degusta um "taco de jumiles": quando se dá a primeira mordida nessa especialidade mexicana, precisa impedir que os pequenos insetos ("jumiles") se insinuem entre os lábios e saiam pulando.
É por isso que os mexicanos recomendam que, antes de rechear a "tortilla" com a quantidade necessária de insetos, você a recubra de "guacamole" (purê de abacate), para que as patinhas dos bichinhos grudem nele e não fiquem mexendo enquanto você os engole.
O gosto dos mexicanos por insetos remonta à época pré-hispânica.
Minhocas, formigas, larvas, grilos e outros insetos sempre estiveram presentes nos pratos mexicanos.
No povoado de Tlayacapan, em Morelos, certos habitantes se recusam a matar os "jumiles", mastigando-os. Por outro lado, se comprazem em espremer uma variedade local de gafanhoto entre o polegar e o indicador, para extrair seu sumo.
O inseto expele um líquido incolor de odor forte e sabor intenso, que constitui um tempero muito valorizado no país.
Mas o turista pode ficar tranquilo: os bichinhos são fritos, transformando-se em quitutes crespinhos e dourados como os cereais matinais.
Na capital mexicana, cidade pós-apocalíptica de 20 milhões de habitantes e 4 milhões de automóveis, ainda se encontra, de vez em quando, uma delícia nacional conhecida como "ahuautle", uma espécie de larva posta pela mosca "axayacatl" nas águas revoltas do rio Texcoco, nas proximidades da Cidade do México.
Também conhecido como "caviar mexicano", o "ahuautle" costuma ser degustado nas "tortillas" e omeletes incrementadas com molhos.

Tradução de Clara Allain

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