São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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Quanta vaidade, meu Deus!

da Equipe de Articulistas

Defeito aqui, omissão ali, ainda assim merece louvor qualquer tentativa de se fazer biografia séria no Brasil, como é o caso da obra de Teresa Ferreira, tratada acima. Fora disso, o que mais aparece por aí são rarefações do já rarefeito gênero da "biografia romanceada". É o caso de "Clarice -Ficção", relançamento de um (o quê?) texto curto de Ana Miranda sobre Clarice Lispector, publicado pela primeira vez em 1996 ("Clarice Lispector - O Tesouro de Minha Cidade")
O texto é dividido em vários pequenos pedaços (capítulos?), Clarice em situações diversas. É isso mesmo, Ana Miranda imagina, por exemplo, "o mundo de fora dentro do mundo de dentro" de Clarice. Pelo menos esse é o título de um dos "capítulos", que começa assim, no devaneio de Miranda: "Tudo lhe parece impreciso demais, impossível de ser tocado".
Parece que o objetivo é radiografar mentalmente, ou psicografar instantes hipoteticamente vividos por Clarice Lispector. Uma coisa sem pé nem cabeça, que não se sabe ao que veio nem para onde vai.
Como é que pode? Como é que pode uma pessoa escrever um livro desse, publicar e ainda republicar? Quanta vaidade, meu Deus! (MF)

Livro: Clarice - Ficção Autora: Ana Miranda Lançamento: Cia. das Letras Quanto: preço não definido (96 págs.)


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