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Crítica/"Só Deus Sabe"
Romance teen desanda ao virar drama esotérico
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa semana em que
os clichês nacionais
causaram barulho
-com a polêmica em torno de
"Turistas" e o documentário
"Olhar Estrangeiro", de Lúcia
Murat-, "Só Deus Sabe" oferece seu quinhão à discussão. A
diferença é que, agora, a exploração dos lugares-comuns latino-americanos não vem do Primeiro Mundo, mas de uma co-produção Brasil-México.
Carlos Bolado é bom para fazer filmes "de estrada". "Baixo
Califórnia" (2001) arrastava de
modo angustiante um homem
e sua culpa através do deserto.
Mas aqui ele tropeça. Ao
mostrar o colorido do interior
do México e o caminho até São
Paulo, o diretor é previsível,
pois cada cartão-postal sugere,
pela sua própria natureza, o
que acontecerá em cada cena.
Tudo começa quando a estudante brasileira Dolores, que
mora nos EUA, perde o passaporte numa festa em Tijuana.
Quem o acha é Damián, jovem
mexicano supersticioso que, de
posse do documento, tenta
manter a moça perto de si.
O romance amadurece e o
que passa a conduzi-lo é a religiosidade. Terreno perigoso.
No começo, é interessante ver
como Damián arma seu altar de
mortos ou como Dolores descobre ser filha de Oxum.
Se a trama seguisse na toada
adolescente, teríamos uma espécie de "E Sua Mãe Também"
(Alfonso Cuarón). Ou seja, um
bom filme latino-americano de
e para jovens.
Mas fazer o drama apoiar-se
no lado folclórico das crenças o
compromete. E o filme vira
aquilo que provavelmente queria ao máximo evitar ser: uma
mistura de novela brasileira
com drama mexicano.
SÓ DEUS SABE
Direção: Carlos Bolado
Produção: Brasil/México (2006)
Com: Diego Luna, Alice Braga
Quando: Unibanco Arteplex 4, HSBC Belas Artes, Paulista e circuito
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