Butcher's revisita clássicos em show no Sesc

De meados dos anos 1990 ao começo da década seguinte, era impossível dissociar a cena de rock underground paulistana da banda Thee Butcher's Orchestra.

Discos como "Deluxy 2000", "Golden Hits by Thee Butcher's Orchestra" e "What About Now" embalaram com levada punk e garageira uma geração de pequenas casas de show e público cativo.

"A noite ainda não tinha virado essa imensa balada pasteurizada. Havia público interessado e bandas mais instigantes", diz Adriano Cintra, guitarrista do grupo, em entrevista à Folha.

"Mas não nos movemos por saudosismo", alerta.

Tanto não que, no show que o grupo fará hoje à noite, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, passados sete anos desde a última vez em que tocaram juntos, músicas daquela época se alternarão com inéditas composições.

HIATO

"Não tem segredo: a gente se reúne e em minutos está tocando como se fosse 1997", diz Marco Butcher, o outro guitarrista, que mora em Detroit, nos Estados Unidos.

A distância, aliás, é o motivo da escassez de encontros da banda. "Não é uma volta porque nunca acabamos, só nos mudamos", diz Butcher rindo e também se referindo ao baterista Jonas Morbach, que completa o trio.

Deles, apenas Cintra, que até 2011 fazia parte do Cansei de Ser Sexy, voltou a morar em São Paulo, onde firmou parcerias e criou novos projetos musicais.

"É bom voltar a uma banda em que as pessoas têm vontade de tocar", diz ele, alfinetando o CSS, com quem trava uma batalha judicial por direitos autorais.

A tal vontade de tocar, segundo a banda, se mantém por ainda partilharem um espírito alternativo, sem nenhum interesse em alcançar o grande público tendo de fazer concessões musicais.

"Nós somos uma banda de rock, não temos nenhum interesse em nos adequar a modismos", pondera Butcher.

Uma turnê está nos planos dos Butchers. "Mas antes queremos reencontrar no show de hoje as pessoas que ainda guardam as fitas K-7 da banda", diz Cintra.