São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

"Não há risco de crise se petróleo cair"

DA EDITORA DE MUNDO

A Venezuela, que neste ano cresce 9%, não corre o risco de que se repita o ciclo de euforia e recessão que tem caracterizado sua economia dependente do petróleo. É o que afirma o ministro das Finanças, Nelson Merentes, que veio com Chávez ao Brasil. Merentes disse não temer uma queda do preço do petróleo. Abaixo, os principais trechos de sua entrevista à Folha. (CA)

 

FOLHA - O que muda na economia venezuelana neste novo mandato de Chávez?
NELSON MERENTES
- Temos dois planos concretos, o de evasão zero e o de contrabando zero. Já melhoramos nessa área: passamos de 9,3% do PIB em impostos para 16,5%. Isso vai permitir que continuemos apoiando a inclusão social.

FOLHA - Há duas críticas principais à gestão da economia venezuelana: que não há investimento privado suficiente nem diversificação e que o nível de gastos é insustentável.
MERENTES
- Estamos mostrando que é preciso investir na educação, pois sem isso não há sustentabilidade. O mesmo vale para saúde, saneamento. Hoje temos mais dinheiro em circulação e a inflação está em 13%.

FOLHA - Há controle de preços, não?
MERENTES
- Há nos alimentos e na construção, como no passado. O modelo é sustentável porque, apesar da dependência do petróleo, estamos diversificando. O investimento público cresceu a partir de uma reforma do fluxo de divisas. Hoje nem todas as divisas são convertidas em bolívares. Parte vai para as reservas, e o resto para um fundo de desenvolvimento. O dinheiro é do Estado, mas quem faz as obras são as empresas privadas.

FOLHA - Mas que setores privados vêm crescendo?
MERENTES
- Telecomunicações, construção. O setor cresceu quase quatro vezes mais que o público.

FOLHA - Muitos dizem que há risco de se repetir o ciclo de euforia e recessão dos anos 70 e 80, se o preço do petróleo cair. Vocês têm alguma previsão?
MERENTES
- Não há risco, pois naquela época não havia arrecadação tributária interna. O petróleo era tudo. Nem fundo de desenvolvimento. O peso da dívida no Orçamento é de 19%, era de 40%. No PIB, é de 22%, era de 83%. Houve mudanças estruturais.

FOLHA - Fala-se na ascensão de uma nova burguesia, de setores beneficiados sob Chávez. Quais são eles?
MERENTES
- Não conheço. As famílias que têm muito dinheiro são as mesmas.

FOLHA - Nos seus cálculos, como entra a possibilidade de queda nos preços do petróleo?
MERENTES
- Nosso Orçamento de 2007 se baseia num barril a US$ 29 [hoje passa de US$ 60]. É difícil imaginar que caia abaixo disso. Não há problema.


Texto Anterior: Chávez leva megacomitiva no tour da integração
Próximo Texto: Lula planeja visita a Fidel em janeiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.