|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush e Blair se distanciam de relatório sobre Iraque
Reunidos em Washington, dizem que guerra vai mal, mas não revelam planos
Israel rejeita idéia do Grupo
de Estudos do Iraque de que
precisa fazer concessões aos
palestinos e devolver Golã
à Síria; Damasco faz elogios
DA REDAÇÃO
O presidente americano,
George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair,
fizeram ontem em Washington
observações elogiosas às recomendações divulgadas na véspera pelo Grupo de Estudos do
Iraque. Mas não se comprometeram com as mudanças sugeridas pelo colegiado, nomeado
pela Casa Branca e formado por
republicanos e democratas.
O grupo, conhecido por sua
sigla em inglês, ISG, constatou
uma "grave deterioração" da situação no Iraque e recomendou que as forças estrangeiras
deixem de combater até o fim
de 2007, para apenas assessorar as forças locais. Aconselhou
ainda a definição de um cronograma de retirada.
Também se referiu a uma solução negociada em termos regionais, o que pressupõe o diálogo dos Estados Unidos com a
Síria e o Irã -que não está na
ordem do dia de Washington.
Bush disse em entrevista, ao
lado de Blair, que "as coisas vão
mal" no Iraque é preciso "um
novo enfoque" para os desdobramentos naquele país.
Mas não se comprometeu
com as recomendações do ISG.
Afirmou que aguarda outros estudos encomendados -ao Pentágono, ao Departamento de
Estado e ao Conselho de Segurança Nacional- antes de tomar sua decisão.
Blair, por sua vez, anunciou
que proximamente faria uma
nova viagem ao Oriente Médio,
disse que o documento do ISG
"oferece uma forte alternativa
de avanço" e que "as conseqüências de um malogro são
bastante graves". Também ontem foi anunciado que a secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice, voltará à região
no início de 2007 para tentar
promover avanços no estagnado processo de paz entre israelenses e palestinos.
O presidente americano e o
premiê britânico sofrem em
seus países os efeitos políticos
dos rumos da guerra. O Iraque
pesou na perda da maioria do
Congresso para os democratas
nas eleições de novembro dos
Estados Unidos. Em Londres,
dissipa-se o que restou do apoio
à política de Blair.
Os dois governantes concordaram com um dos pontos levantados pelo ISG, de que a pacificação iraquiana passa pela
derrota dos grupos extremistas
em todo o Oriente Médio.
Essa formulação, um tanto
eufêmica, significa que, para os
dez integrantes do ISG, as insurgências sunita e xiita no Iraque perderão força caso Israel
faça concessões aos palestinos,
capazes de enfraquecer o Hamas e o Hizbollah, dois fortes
grupos radicais islâmicos.
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, entendeu o
recado e se apressou em dissociar seu conflito com os palestinos dos problemas enfrentados
pelos americanos no Iraque.
Disse a jornalistas que rejeitava
a vinculação das duas questões
e também a recomendação para que seu país retomasse negociações com a Síria. O grande
problema pendente entre Jerusalém e Damasco é a devolução
do Golã, planalto ocupado por
Israel durante a Guerra dos
Seis Dias, em 1967.
A reação síria, como era de se
esperar, foi oposta à de Israel. O
regime de Damasco elogiou as
conclusões do ISG por meio de
comentário de um diplomata
anônimo à agência oficial.
Em Teerã, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki,
disse que cabe aos americanos
demonstrar mudanças em sua
política no Iraque "por meio de
atos, e não só por palavras".
Também afirmou que só aceitaria dialogar com Washington
caso a orientação americana no
Iraque seja alterada.
Com agências internacionais
Texto Anterior: UE rejeita abertura parcial da Turquia Próximo Texto: Guerra sem limites: Itamaraty nega indícios de terror na Tríplice Fronteira Índice
|