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DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 1º A 7 DE SETEMBRO DE 2006

 

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BARES E GULOSEIMAS

Madalenses x Olimpianos

Vilas Madalena e Olímpia invertem perfis

Sandro Macedo

Karime Xavier/Folha Imagem
Ambiente do Excelentíssimo Botequim, na Vila Olímpia
Na vida boêmia paulistana, até pouco tempo atrás, não havia nada mais antagônico do que escolher entre um bar na Vila Madalena ou outro na Vila Olímpia para curtir a noite. Eram como água e óleo, côncavo e convexo, yin e yang, Tévez e Leão.

Nos últimos meses, no entanto, a mistura começou a ficar mais homogênea. Hoje, é possível encontrar um "madalense" (espaço típico da Vila Madalena, veja quadro na página ao lado) em plena Vila Olímpia. Ao mesmo tempo, casas da tradicional Vila Madalena ganham ares "olimpianos".

Na Vila Olímpia, é possível comer um espetinho acompanhado por uma cerveja de garrafa (daquelas de 600 ml, que rendem mais) no Perereca da Vizinha; ou pedir uma porção de coxinha ou croquete, no Excelentíssimo Botequim. Já na Vila Madalena, algumas casas começam a investir em projetos arquitetônicos arrojados, ambientes amplos decorados com palmeiras e outros elementos de ostentação, como o Maddá. Nesses locais, a cerveja perde gradativamente seu espaço para os drinques. Já tem até casa especializada em espumante, como a recém-inaugurada Champagnerie.

Como não poderia deixar de ser, essas características movimentam também os habituais freqüentadores. Com estilo despojado, de chinelão, bermuda, sainha ou jeans surrado, o botequeiro madalense -cuja principal preocupação é encontrar uma mesinha livre na calçada para beber com os amigos- começa a se misturar com o típico olimpiano, zeloso com o visual, que inclui roupas da moda e maquiagem e penteado caprichados.

Não é o armagedon; no máximo, apenas mais um sinal da "globalização" na noite paulistana. A seguir, oGuia apresenta as principais características de madalenses e olimpianos e faz uma seleção com alguns exemplos de ambos os lados.

O que define um... madalense

Petiscos

Bolinhos, sanduíches, espetos e grelhados são os carros-chefe. O próprio dono costuma pensar no que vai incluir no cardápio -o que conta é a experiência de botequeiro. As opções costumam primar pela simplicidade.

Drinques

Cerveja de garrafa (aquela de 600 ml, para dividir com a turma) ou um bom chope são elementos fundamentais na Vila Madalena. Caipirinhas (sem muita frescura) e cachaças também são bem-vindas. Copos de uísques são mais raros nas mesas, e coquetéis especiais não têm muita vez.

Arquitetura/decoração

Que arquitetura? Normalmente, os bares são construídos em espaços que um dia foram residências ou parte delas (reza a lenda que qualquer porta de garagem do bairro serve para abrir um boteco). A decoração é habitualmente simples, informal.

Público

Descolado/desencanado. É comum encontrar mesas grandes, com turmas que falam alto. O visual pode ir do terno e gravata (já devidamente afrouxada) da happy hour às tatuagens ou chinelão e bermuda.

Não pode faltar

Mais do que o chope na calçada ou o petisco do Nordeste, o atendimento descontraído é vital para um bar madalense. A simpatia dos garçons e sua habilidade em contornar possíveis problemas pode valer mais do que a agilidade. Preço também é fator importante ali.

O que define um... olimpiano

Petiscos

Fica a cargo de um chef ou de um consultor, que mistura elementos da baixa gastronomia com ingredientes mais elaborados ou sofisticados, como ostras.

Drinques

Raríssimos são os bares olimpianos que servem cerveja de garrafa (no máximo uma long neck). Os chopes são mais comuns, e os proprietários geralmente investem num caro sistema de refrigeração para garantir a temperatura ideal. Uísques, coquetéis clássicos e outros com frutas exóticas têm espaço garantido.

Arquitetura/decoração

Bar olimpiano que se preze passou por um projeto arquitetônico elaborado com rigor. Pé-direito alto é arroz-de-festa, e alguns investem em mezaninos e múltiplos ambientes. Um decorador completa a parceria, inspirando-se em épocas diversas e caprichando em detalhes como quadros, lustres e iluminação.

Público

Jovem e bonito. Mulheres bem maquiadas e de salto; rapazes de camisa "baby look" e cabelo cuidadosamente despenteado. O visual é essencial para um público que gosta de ver e de ser visto. O clima de paquera predomina e, em muitos casos, começa antes da entrada ao bar.

Não pode faltar

Belas hostesses e seguranças carrancudos são comuns às casas, que já tentam passar a sensação de luxo e segurança desde a entrada. A agilidade do garçom no atendimento é o que importa. Preços altos não são um problema para o público, em geral mais abonado.
Capa

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