CINEMA

Tony Manero

Personagem dos anos 1970 inspira protagonista

Sérgio Rizzo

Como talvez se lembrem mais facilmente os que foram adolescentes nos anos 1970, Tony Manero é o personagem nova-iorquino que transformou John Travolta em astro (e que lhe valeu sua única indicação ao Oscar de melhor ator) em "Os Embalos de Sábado à Noite" (1977).

Estamos no Chile dos anos 1970, sob o regime ditatorial de Augusto Pinochet, em "Tony Manero", segundo longa-metragem de Pablo Larrain. O protagonista (Alfredo Castro, que assina também o roteiro) é um imitador das coreografias do personagem de Travolta, mas não o faz apenas para ganhar dinheiro: há alguma espécie de projeção psicológica ali.

O ingrediente perturbador, no início, é a idade do sujeito, já um homem maduro. Além disso, suas relações pessoais são estranhas, especialmente no que diz respeito à família. E, como se percebe à medida que o filme se torna mais violento, ele esconde uma personalidade contrastante com a ingenuidade da disco music e dos Bee Gees.

Matou a charada quem imaginou que o espaço e o tempo, aqui, falam um bocado. É um país imerso em trevas, com doenças sociais e monstros (mal) disfarçados de cordeiros, que o filme de Larrain procura reviver.

Não recomendado para menores de 14 anos.