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DE 23 A 29 DE JANEIRO DE 2009 |
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CINEMAAustrália Excessos de Luhrmann falham em novo longaRicardo Calil O filme "Austrália" é uma história original de Baz Luhrmann ("Moulin Rouge"), um épico romântico com a ambição de ser uma versão moderna e irônica de "... E o Vento Levou". Mas poderia ser também a adaptação de um romance feminino vendido em banca de jornal, como "Julia" ou "Sabrina" -por trabalhar com o universo de clichês narrativos e eróticos da chamada "literatura cor-de-rosa".Na história, a nobre inglesa lady Sarah Ashley (Nicole Kidman) viaja até a Austrália para convencer seu marido fazendeiro a desistir de morar no inóspito país. Mas a delicada dama logo se torna viúva e se apaixona por um viril capataz (Hugh Jackman) -com direito a uma cena em que ele toma banho com o torso desnudo sob a luz do luar, um clássico da baixa literatura. Lady Sarah decide permanecer por ali, adotar uma criança mestiça e enfrentar perigosos rivais -além da iminente explosão da Segunda Guerra Mundial. Como toda obra de Luhrmann, "Austrália" é marcado pelos excessos do kitsch: de gêneros (do romance entre os protagonistas para o melodrama da adoção, deste para o trágico filme de guerra), de cores, de sentimentos e de movimentos de câmera. Não há como condenar Luhrmann por isso -o uso consciente dessa estética é sua marca. Mas é preciso dizer que, na maior parte do novo filme, ele parece trabalhar no piloto automático. Em algumas cenas, porém, alguma forma de beleza e emoção sincera consegue escapar do pesado manto do exagero. Até paisagens de calendário -e "Austrália" parece às vezes uma versão em movimento delas- podem ser comoventes. Por esses momentos, o longa não é a tragédia anunciada pelos críticos estrangeiros, mas continua sendo antes um filme grande do que um grande filme. Não recomendado para menores de 12 anos. |
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