CINEMA

Juventude

Oliveira filma ode à cumplicidade masculina

Ricardo Calil

O título de "Juventude" pode soar como uma auto-ironia. Afinal, o filme é dirigido por Domingos Oliveira e protagonizado pelo cineasta ao lado de Paulo José e Aderbal Freire-Filho -três respeitáveis senhores acima dos 65 anos. Mas o nome faz todo sentido.

Não apenas porque o filme promove um reencontro dos personagens com suas juventudes, como também porque a obra tem um raro frescor no atual cinema brasileiro.

Cinquenta anos depois de encenarem na escola a peça "A Ceia dos Cardeais", o diretor de cinema Antonio (Oliveira), o empresário Davi (José) e o médico Ulisses (Freire-Filho) se reúnem para um balanço sentimental de suas vidas: o primeiro está às voltas com uma namorada muito jovem, o segundo, casado, não sabe se foge com um velho amor e o terceiro enfrenta o vício da filha em heroína.

Na sequência mais tocante, os personagens maduros contracenam consigo mesmos na infância, conciliando-se com a juventude perdida.

Oliveira já chamou seu novo trabalho de "confissões de homens de 70" e definiu-o como um "filme sobre a perplexidade". Seria mais adequado vê-lo como uma ode à cumplicidade masculina e um manifesto não-dogmático a favor de um cinema íntimo, imperfeito e essencial.

Não recomendado para menores de 12 anos.