O Carnaval começa só em março. No entanto, desde o início de fevereiro, as ruas já estão em clima de folia. "Neste Carnaval, São Paulo terá blocos pela cidade toda. A coisa se espalhou muito", diz o músico Renato Dias, que é integrante do Manifesto Carnavalista.
No ano passado, o grupo formado por blocos e cordões carnavalescos divulgou um texto e fez atos públicos pedindo que a manifestação fosse regulamentada. Há alguns dias, a prefeitura criou uma comissão para planejar os eventos.
Mas, enquanto blocos ensaiam, nem tudo é confete e purpurina para moradores dos locais por onde eles passam. Já houve reclamações em Perdizes. "As coisas estão mais organizadas este ano, mas esse tipo de queixa me preocupa", afirma Dias.
sãopaulo - O que mudou na organização do Carnaval de rua desde o ano passado?
Renato Dias - Em 2013, já tivemos banheiros químicos e lavagem da rua após os blocos. Para este ano, a prefeitura mandou uma ficha cadastral para cada bloco, indicando com qual subprefeitura falar. A organização parece estar melhor.
O que significa a regulamentação pedida pelo manifesto?
Queremos organização, segurança e ambulâncias. O maior problema é com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), para conseguir o bloqueio de vias e a orientação do melhor trajeto.
O Carnaval de rua foi vendido para grandes marcas?
Falo pelo cordão Kolombolo Diá Piratininga, do qual faço parte. Já fomos patrocinados, mas não permitimos abadá. Cada bloco ou cordão tem a sua ideologia. O triste é mudar o conceito por conta de patrocínio.
Como é o diálogo com os moradores de onde há desfiles?
Na Vila Madalena, acontece uma conversa na Subprefeitura de Pinheiros. Mas a CET tem que estar mais próxima da prefeitura e dos moradores. O problema é que nos anos anteriores não havia uma vontade política.
Qual a importância do Carnaval de rua para a cidade?
É o direito do cidadão de estar na rua. São Paulo tem a simbologia de que foi construída para os carros. Parecia um pecado as pessoas estarem na rua.
Quais as principais características do samba paulista?
No geral, ele vem do samba rural, da moda de viola, e tem uma melodia mais melancólica e triste. São várias influências, passando por engraxates e pelo futebol de várzea. O samba carioca, por exemplo, tem influência da Bahia e é mais festivo.
| Leticia Moreira/Folhapress | ||
 |
||
| O músico Renato Dias, 42, integrande do Manifesto Carnavalista, posa na Vila Madalena |