Equipe do Google vem a SP para criar desenhos especiais para a Copa

As animações sobre a Copa que você vê todos os dias na página do Google dão mais trabalho do que parece. A empresa tem uma equipe só para fazer os chamados doodles (rabiscos, em inglês). Para ter mais inspiração para criar as animações do Mundial, o time foi escalado para vir ao Brasil.

Os americanos Sophie Diao e Lion Hong e o inglês Matthew Cruickshank têm passado mais de doze horas por dia desenhando em um laboratório de criação montado especialmente para eles na sede do Google Brasil, em São Paulo.

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Bandeiras do mundo todo, ilustrações do Rio de Janeiro, discos de Gilberto Gil e Tim Maia tocando ao fundo e um álbum de figurinhas da Copa ao lado de pufes coloridos dão o clima. Três TVs ficam ligadas o tempo todo nas partidas, mostram dados em tempo real de pesquisas no Google, redes sociais de pessoas influentes ligadas à Copa e monitoram jornais e canais de notícia. Mas os três designers mal tem tempo de aproveitar as comidinhas à disposição e a rede colocada na varanda com vista para São Paulo.

De havaianas laranjas (que usou até para ir a uma partida), Matthew desgruda da mesa de trabalho com diversos computadores para explicar o motivo: com uma média de dois desenhos animados por dia, o time está fazendo em cerca de três horas o que costuma levar de uma semana a três meses. "Nós realmente aceleramos o processo", conta ele, que nas poucas horas em que não está na sala continua pensando em ideias.

PESQUISA DE CAMPO

O trabalho dos "doodlers" já resultou em 45 desenhos diferentes até agora e tem recebido boa resposta do público. "As pessoas reagiram muito àquele em que um chefe passa enquanto [as letrinha vendo o jogo] deveriam estar trabalhando", diz o designer, que também tem um favorito. "Eu gosto muito do Povo Paul, que nós decidimos ressuscitar [em um doodle]. Pareceu realmente uma boa ideia"

É a primeira vez que a equipe viaja para criar desenhos temáticos. A "pesquisa de campo" começou com uma visita ao Rio e à São Paulo há cerca de dois meses. Também estava presente o líder do grupo, Ryan Germick. Ryan voltou aos EUA, mas virá ao Brasil para a fase final. "Nós nos apaixonamos pela cultura, pelas pessoas e pela energia [do país]. Fizemos diversos rascunhos e decidimos que realmente gostaríamos de voltar e mergulhar no projeto completamente", explica Matthew, mostrando desenhos que fez. Um deles, de uma favela, foi a inspiração para um doodle com o tema.

O grupo visitou o Pão de Açúcar e as praias, no Rio, e lugares emblemáticos de São Paulo, como o Museu do Futebol, no Pacaembu e o parque Ibirapuera.

CALENDÁRIO

Normalmente, mesmo os doodles comemorativos específicos de cada país – como o do aniversário de Brasília, ou o da Mônica e do Cebolinha no Dia dos Namorados – são feitos nos Estados Unidos.

Na sede do Google em Mountain View, na Califórnia, os designers têm um calendário enorme em que anotam efemérides importantes no mundo todo. Cada país ou região decide se vai ou não incorporar os doodles ao seu domínio (a página do Google naquele país), com base no quanto aquele assunto é conhecido na região.

O desenho do 54º aniversário de Ayrton Senna, em março, por exemplo, estava disponível não só no Brasil, mas no Canadá, na Austrália, na Itália, e na América Central.

"O doodle é uma chance de mostrar conquistas da humanidade, cientistas famosos ou pessoas que decidimos homenagear", diz Matthew. "As pessoas vão pesquisar e tem uma surpresa de ver algo que talvez não conhecessem, descobrem coisas novas ou simplesmente se divertem por uns minutos antes de continuar o dia", continua.

Quem começou com os desenhos foram os criadores da empresa, Larry Page e Sergey Brin, no 1998. Dois anos depois a empresa já criava um novo departamento específico para isso.

Os primeiros comemorativos da Copa atingiam quase todos os 189 domínios do Google no mundo, com exceção de alguns países do norte da África.

A partir das eliminatórias, nações que foram eliminados na primeira fase, como a Rússia, a Itália e Inglaterra, passaram a não exibir mais os desenhos.

A equipe fica no Brasil até o fim do Mundial e já está pensando em possibilidades de animação para a final. "Temos algumas ideias, mas estamos esperar para ver quem chega lá. Vamos dando ideias uns para os outros e se conseguimos fazer um ao outro rir, [o doodle] provavelmente está bom para ir para a página principal", conta Matthew.

"Também precisamos pensar em uma opção caso o Brasil não chegue à final. Seria triste, mas o desenho precisa ser divertido, então seria um desafio", completa.

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