Empresa responsável pelos relógios da Paulista não cogita sair da avenida

Apresentado nesta terça-feira, 9, pelo secretário de Transporte, Jilmar Tatto, o projeto da nova ciclovia da avenida Paulista prevê a retirada dos relógios e das floreiras do canteiro central, local onde ela será instalada.

Os relógios fazem parte da concessão da prefeitura com o consórcio A Hora de São Paulo, liderado pela multinacional JCDecaux, que instalou mil relógios desde de maio de 2013, quando o primeiro começou a funcionar. "Fomos pegos de surpresa por esse projeto da ciclovia", diz Ana Célia Biondi, diretora da JCDecaux do Brasil. "Entendemos que a ciclovia seja importante para a cidade. Em Paris, há 23 mil bicicletas, mas acho que os relógios complementam o projeto", diz.

Ao todo, são 12 relógios nos 2,8 km de extensão da Paulista e outros dois na rua Bernadino de Campos, vias por onde se estenderão a futura ciclovia. "Nem considero a retirada dos relógios. Na Faria Lima, por exemplo, a ciclovia tem relógio. Tudo tem que ser integrado", ressalta.

"Não tenho dúvida que vão colocar [os relógios] na calçada", diz a arquiteta Regina Monteiro, que participou da equipe que elaborou o plano de concessão do mobiliário urbano. "Não dá para colocar no passeio público, como acontece no centro", diz. Sobre a alternativa, Biondi afirma que é preciso estudar, pois implica na acessibilidade e a visualização é prejudicada. "A altura, o posicionamento e o ângulo foram pensados para serem instalados no canteiro central", completa Biondi.

Recentemente, 10% dos relógios da JCDecaux tiveram o sistema de exposição publicitária trocado para digital. "Além de nos dar mais agilidade e ter um visual moderno, permite ao cliente variar a mensagem", diz Biondi.

Com a nova tecnologia, mensagens com conteúdo que podem variar ao longo do dia, conforme o horário e às condições meteorológicas, por exemplo, podem ser exibidas em tempo real (com delay de cinco minutos). Ao invés de três propagandas, que mudam a cada sete segundos, há capacidade para seis, com duração de dez segundos cada uma, ou seja, uma propaganda por minuto. A Paulista foi uma das vias escolhidas para serem contempladas pelo novo sistema. Outros corredores são Nove de Julho, Rebouças, Faria Lima, Juscelino Kubitschek.

A mídia exterior, que inclui as propagandas exibidas em painéis eletrônicos, bus door, painéis em metrôs e aeroportos, relógios, abrigos de ônibus, entre outros, têm participação no mercado brasileiro de 3,45% (2013) no montante publicitário, segundo relatório do projeto Inter Meios. Para comparação, no mesmo período a televisão teve participação de 66,54% e o jornal, 10,12%. Entre 2012 e 2013, o crescimento foi da ordem de 21,82% no ano, o maior de todos os outros meios.

"O crescimento atípico de mídia exterior em 2013 se deu por causa do início das operações da JCDecaux (relógios) e da Otima (abrigos) em São Paulo, maior mercado de publicidade", diz Jilson Veríssimo, diretor de marketing do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de São Paulo (Sinapro-SP). Ele ressalta que, "em função da baixa participação de mídia exterior no 'bolo' publicitário (3,45%), o impacto da possível retirada dos relógios de rua da avenida Paulista será muito pequeno para a Indústria da Propaganda e para as agências".

Prevista para começar a ser construída a partir de janeiro, a ciclovia deve levar seis meses para ficar pronta. O custo é estimado em R$ 15 milhões.

As faixas de rolamento ficarão 20 centímetros mais estreitas. As três de carro (em cada sentido) passarão de 3 m para 2,8 m. E as faixas de ônibus (uma de cada lado), passarão de 3,5 m para 3,3 m. O canteiro central será alargado de 3,5 m para 4 m.

A CET informa em nota que, "durante dois meses, o projeto da Ciclovia da avenida Paulista estará à disposição para conhecimento e ponderações por parte da população".

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