'Quero atrair o público jovem', diz diretor do Theatro São Pedro

Luiz Fernando Malheiro fala por 18 minutos à sãopaulo, na pausa antes de ensaiar "As Bodas de Fígaro" , de Mozart.

Trabalho não falta ao maestro de 56 anos, que desde junho é o regente titular e diretor artístico do Theatro São Pedro, na Barra Funda. De propriedade do governo estadual e gerido pelo Instituto Pensarte, o local é desde 1917 referência da música erudita.

Gal Oppido/Divulgação
O maestro Luiz Fernando Malheiro, que dirige a Orquestra do Theatro São Pedro
O maestro Luiz Fernando Malheiro, que dirige a Orquestra do Theatro São Pedro

O paulistano da Aclimação, que fez parte da equipe do Theatro Municipal de SP por 18 anos, aceitou o convite pelo "desafio de ter tudo a fazer". Estreou em julho e, até domingo (7), rege pela primeira vez a orquestra em uma ópera, sua especialidade.

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sãopaulo - Quando surgiu o seu interesse por óperas?
Luiz Fernando Malheiro - Aos dez anos, um primo me levou a uma no Municipal. Me apaixonei e passei a adolescência ouvindo isso –imagine como era solitário! [risos] Eu levava a turma do ginásio para ver óperas no poleiro do Municipal [com visão parcial e ingressos mais baratos].

E como se tornou profissional?
Segui a visão familiar de música como hobby [o avô e a mãe tocavam piano] e estudei direito. Entrei no Coral da USP e cantei pela primeira vez no Municipal. Em 1983, era preparador de elencos e tive que reger uma récita de ópera de surpresa. Foi minha estreia. Depois, estudei na Polônia e na Itália.

Por que voltou ao Brasil?
Na Europa eu entraria em algo estabelecido. Aqui seria desafiador, com tudo por fazer. Fui para Manaus em 1999 e hoje vivo entre lá e cá [ele dirige o Festival Amazonas de Ópera e a Amazonas Filarmônica, da qual é o condutor].

Como está a cena de hoje?
A reformulação da Osesp por John Neschling influenciou a administração de orquestras no país. Hoje, em Manaus, há muitos profissionais de alto nível vindos da Europa que ajudam a formar novas gerações de músicos locais. Em São Paulo, a vida musical agora tem amplitude. A reforma da Sala São Paulo foi fundamental, como será a do Cultura Artística e a revitalização do São Pedro, que assume de vez sua vocação para a ópera e o canto.

O florescimento já forma público?
Vi isso em Manaus, que não tinha nada e de repente ganhou uma orquestra excelente e um festival de ópera respeitado no exterior. Aqui em São Paulo, quero atrair o público jovem e ligado a outras áreas: teatro, artes plásticas, vídeo.

E como fazer isso?
Faremos até uma ópera de Arrigo Barnabé ["O Homem dos Crocodilos"] em 2015. Vamos experimentar muito.

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