Família desajustada guia novo longa do canadense Xavier Dolan

O tema central de "Eu Matei Minha Mãe" (2009), primeiro longa-metragem do cineasta-prodígio Xavier Dolan, 25, volta a aparecer no drama em estreia "Mommy", o quinto e mais novo trabalho do canadense.

Na produção ambientada em um Canadá futurista, onde pais podem delegar ao governo os cuidados de seus filhos com doenças mentais, está a desequilibrada Diane Després (Anne Dorval, atriz-fetiche do diretor).

Viúva linha-dura que se sustenta de "bicos" e bebe e fuma sem parar, ela mora sozinha no subúrbio.

Quando seu filho, o problemático Steve (Antoine-Olivier Pilon), é expulso do internato após colocar fogo na cafeteria do local —atitude que causa queimaduras em outro garoto—, os dois voltam a viver juntos.

A partir daí, a —conturbada e um tanto edipiana— relação dos dois é acompanhada de perto. Hiperativo e violento, o rapaz de 15 anos transforma a rotina da mãe em um inferno.

As coisas mudam, no entanto, quando a vizinha Kyla (Suzanne Clément), uma professora que sofre de afasia, decide ajudá-los.

Somando o formato de exibição da obra —feita em uma proporção de 1:1, como se a tela do cinema fosse um quadrado— à dureza de suas cenas e ao angustiante universo desse trio de personagens, assistir ao filme torna-se uma experiência quase claustrofóbica.

Mas "Mommy", que dividiu o prêmio do júri no Festival de Cannes 2014 com "Adieu au Langage", de Jean-Luc Godard, tem beleza o suficiente para que seus 138 minutos sejam agradáveis. Detalhe para duas sequências protagonizadas por Steve: uma em que a música "Wonderwall", do Oasis, toca ao fundo, e a final, ao som de "Born to Die", da cantora Lana Del Rey.

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