Três seguranças e duas funcionárias correram para censurar a representante comercial Cibele Ferreira, 36, enquanto ela visitava a exposição sobre o cineasta Stanley Kubrick em 2013, no MIS (Museu da Imagem e do Som). Cibele diz que estava amamentando a filha, então com seis meses.
"Se eu tivesse roubando uma obra de arte, não viria tanta gente. Parecia que estava cometendo um crime. Falaram que era proibido alimento." O MIS disse desconhecer o caso e que mães e bebês são "muito bem-vindos".
| Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
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| Mães e filhos fazem protesto em centro cultural depois que mulher foi proibida de amamentar no local |
Para evitar a repetição de situações como essa, foi sancionada neste mês, pelo prefeito Fernando Haddad (PT), uma lei que prevê multa de R$ 500 para quem constranger ou impedir a amamentação em público. O texto ainda não foi regulamentado.
Para mães e ativistas do aleitamento materno, a lei é necessária porque inibe uma situação vivenciada por muitas mulheres na cidade.
"Conheço muita gente que passou por isso. Quando vão relatar esses momentos, ficam indignadas ou tristes. Nenhuma tem vergonha [de ter amamentado em público]", diz Fabiola Cassab, fundadora da Matrice, um grupo de apoio à amamentação.
SEXUALIDADE
A psicóloga Daniela Andretto, que trabalha com aleitamento, diz que os olhares e comentários de reprovação são consequência de uma cultura que liga a amamentação à sexualidade.
"É cultural. No Carnaval, a Globeleza aparece nua e não há censura, mas a mulher que amamenta é julgada como se estivesse usando sua sensualidade. É atentado ao pudor."
Segundo as mães ouvidas, o constrangimento aumenta à medida que as crianças crescem. A farmacêutica Fabiana Cainé, 38, ouviu que amamentar a filha aos dois anos era "feio".
Ela diz que já pediu para Marina segurar a fome porque não estava à vontade. Em outro caso, trancou-se no banheiro para alimentá-la.
