Faith No More mistura passagens pesadas e melódicas em novo disco

O Faith No More explodiu na cena musical entre o fim dos anos 1980 e o início dos 1990, uma época em que o rock alternativo, pela primeira vez, chegava ao topo das paradas —com bandas como Guns N' Roses, Nirvana, Red Hot Chili Peppers e Metallica lançando discos de imensa aceitação e sucesso comercial.

De todos os megagrupos do período, o FNM era o mais eclético. Seus discos traziam metal, funk, rap e punk misturados a pianinhos melosos e a uma sensibilidade pop. Nenhum outro conjunto regravou marcos musicais tão díspares quanto "War Pigs", do Black Sabbath, e "Easy", do Commodores. O farol criativo do FNM era o vocalista Mike Patton, que chegou à banda recomendado por seu trabalho com o grupo experimental Mr. Bungle. Patton sempre foi chegado ao lado mais obscuro e transgressor do rock, mas acabou virando ídolo "teen" e decorando pôsteres de adolescentes —meninas, na maioria— por todo o mundo.

A banda acabou em 1998, com seis discos de estúdio no currículo. Patton iniciou uma bem sucedida carreira de dono de gravadora, fundando o Ipecac, um dos selos mais bacanas do mundo, onde lançou discos de nomes como Melvins, Zu, Ennio Morricone, Young Gods e Mouse on Mars, entre outros, e também participou de vários projetos musicais interessantes —e estranhos— como Peeping Tom, Tomahawk, Fantômas e Mondo Cane.

Dez anos depois da separação, os integrantes do Faith No More não resistiram às polpudas ofertas de promotores e voltaram para uma longa turnê. Não havia, no entanto, planos para gravar um novo disco.

Felizmente, os caras mudaram de ideia: acaba de chegar às lojas "Sol Invictus", sétimo disco de estúdio do Faith No More e o melhor desde "Angel Dust", de 1992.

"Sol Invictus" não se prende a estilos. O disco mistura passagens pesadas e melódicas, rápidas e lentas. Algumas faixas têm toques de country; outras, de experimentos eletrônicos. O Faith No More é um caso raro de banda que voltou para faturar em cima da nostalgia, mas conseguiu lançar um disco que aponta para o futuro.

DISCO

SOL INVICTUS **
ARTISTA: Faith No More
DISTRIBUIDORA: Golfetti (2015, CD, R$ 36,90)

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DISCOS

EVERYBODY LOVES SAUSAGES ***
Excelente disco de covers traz o Melvins, uma das bandas prediletas de Kurt Cobain, tocando algumas de suas canções favoritas, como "Female Trouble" (Divine), "Set it On Fire" (Scientists) e "Attitude" (The Kinks).
ARTISTA: Melvins
DISTRIBUIDORA: Ipecac Recordings (CD, 2013, US$ 8,99, importado)

MONDO CANE ***
Gravado na Itália com uma orquestra, o disco traz Patton, que morou em Bolonha, cantando clássicos do pop italiano dos anos 1950 e 1960.
ARTISTA: Mike Patton
DISTRIBUIDORA: Ipecac Recordings (2010, CD, R$ 91,90)

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FILMES

SNIPER AMERICANO
Clint Eastwood (Warner Home Video, 2014, DVD e Blu-ray, R$ 39,90 e R$ 69,90)
Pode preparar a pipoca e chamar os amigos, porque esse lixão é diversão "trash" da melhor qualidade. Bradley Cooper, o pior ator do planeta, faz um atirador de elite do Exército norte-americano e recordista de mortes de iraquianos. Cooper passa o filme todo com expressão catatônica, enquanto Eastwood empilha cenas ridículas, culminando na já lendária sequência em que Cooper nana uma boneca de plástico. Engraçado demais.

MAPAS PARA AS ESTRELAS ***
David Cronenberg (Universal Studios, 2015, DVD, US$ 9,96, importado)
O cineasta canadense confirma sua ótima fase com mais um grande filme, um estudo sobre o culto a celebridades em Hollywood e a insanidade da indústria dos "blockbusters". O elenco é fantástico —John Cusack, Robert Pattinson, Olivia Williams—, mas o destaque é Julianne Moore no papel de uma atriz decadente que tenta reerguer a carreira. Um filme sombrio e pesado, bem ao estilo de Cronenberg.

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LIVRO

FOME DE SABER **
Richard Dawkins (Companhia das Letras, 2015, 388 págs., R$ 49,90)
Primeira parte das memórias de Dawkins, o polêmico e celebrado etólogo, biólogo e opositor do criacionismo. O livro abrange a primeira metade de sua vida, até o lançamento de seu primeiro livro, o "best seller" batizado "O Gene Egoísta", de 1976. A segunda parte da biografia deve ser lançada no exterior ainda neste ano.

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