Bares eleitos júri

Melhor bar de SP, Boca de Ouro tem bons drinques, mas nada de firulas

Esqueça as firulas, aposente os segredos. Bar bom é bar e ponto. E a receita do Boca de Ouro não tem invencionices, é clássica. Ainda bem.

Uma casinha oculta, sem luminosos piscantes. Balcão, uma mesa de sinuca. Carta de drinques enxuta, mas feita com esmero. Porções que fogem do gourmet e não deixam na mão.

Atendimento sem grude. Jazz, soul e rock. Parece básico, mas, nesse território paulistano, é mais difícil do que parece.

Eis as razões para o Boca ser o melhor bar da cidade.

Os proprietários parecem saber o tamanho das pernas do bar —e os passos que podem dar. Sempre detrás do balcão, Renato Martins e Arnaldo Hirai mantêm a aura de donos de boteco: olhar concentrado, a falar só o essencial, mas dispostos a esticar o papo se for essa a pedida.

Chegue cedo. Ou, ainda melhor, tarde, que é garantia de que haverá bancos sem dono. Com sorte, serão os do fundo, reservados e próximos ao que há de melhor: a porta da cozinha, a área de trabalho do Arnaldo, caprichoso barman oriental —e a geladeira com cerveja no ponto.

Entre as pedidas, vá sem medo, que não há muito erro. O torresmo é sequinho e carnudo; o bolovo, com carne vermelhinha e ovo de gema quase mole, generoso. São capazes de desarmar qualquer nariz torto de preconceito com o menu botequeiro.

A cítrica e autoral Macunaíma —cachaça, Fernet e limão— custa pouco e faz tão bonito quanto o clássico negroni —gim, vermute e Campari—, amargo na medida. E ponto.

R. Con. Eugênio Leite, 1.121, Pinheiros, região oeste, tel. 4371-3933. 35 lugares. Seg. a qua.: 18h às 24h. Qui. a sáb.: 18h às 2h. Preço: R$ 10 (Heineken 600 ml).

MELHOR BAR (JÚRI)

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