'Campo Grande' mostra visão de criança sobre abandono materno

Em "Mutum" (2007), Sandra Kogut mostrou, com maestria, como é possível capturar a perspectiva de uma criança imersa nos dramas dos adultos a seu redor. Com a obra, colecionou mais de vinte prêmios e uma dezena de menções.

Oito anos depois, a diretora carioca repete a abordagem ao elencar duas crianças para protagonizarem seu terceiro longa-metragem, "Campo Grande", em exibição desde quinta-feira (2).

Na história, Rayane, 6, e Ygor, 8, são abandonados pela própria mãe em frente à casa de Regina (Carla Ribas), cujo endereço, em Ipanema, constava em um bilhete de loteria concedido pela matriarca às crianças, junto com a única orientação de que a esperassem no local .

Em uma espécie de "Esperando Godot", a dupla aguarda pela mãe, a contragosto de Regina, que, mesmo incumbida da responsabilidade de cuidar das crianças desconhecidas, não parece entender a maternidade e vive seus próprios dramas familiares ao lidar com um divórcio e sua conturbada relação com a filha Lila (Julia Bernat).

Contrariando a passividade dos personagens da peça absurdista de Beckett, Ygor (Ygor Manoel) sai em busca de sua mãe, enquanto Rayane (Rayane do Amaral) é levada a um orfanato.

Inicialmente indiferente, Regina decide ajudar o garoto, conduzindo-o ao bairro de Campo Grande, onde as crianças moravam, mas são surpreendidos.

Belas atuações têm como pano de fundo cenários cariocas em obra para as Olimpíadas e revelam a visão infantil sobre o abandono, além do processo de amadurecimento da maternidade.

Trailer de "Campo Grande"

Salas e horários.

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