Pesquisador organiza roteiro sobre a história da prostituição em São Paulo

O largo São Bento, no centro de São Paulo, é hoje um marco histórico muito visitado pela mística do mosteiro, mas nem sempre foi assim. Em 1870, era outra devoção que fazia estudantes de direito e até grandes cafeicultores circularem pela região. Era ali, na rua Libero Badaró, que o bordel de Feitiço Sorocabano, uma das prostitutas mais famosas da cidade, movimentava a noite, quando os santos já não estavam mais vendo.

É o que conta o pesquisador e arquiteto Paulo Rezutti, que, no próximo sábado (13), conduz um passeio pelo centro de São Paulo sobre a história da prostituição na cidade. O roteiro a pé vai explorar a "profissão mais antiga do mundo" na capital, desde o fim do Brasil Colonial até a década de 1920, usando como referência obras do poeta Artur Azevedo e outros relatos pesquisados pelo arquiteto.

Divulgação
Passeio da Turismo na História no largo São Bento; neste sábado (13), a agência organiza um roteiro a pé sobre a história da prostituição em São Paulo
Passeio da Turismo na História no largo São Bento

"No século 19, viajantes que chegavam a São Paulo escreviam sobre as mulheres, dizia-se que a cidade era mais movimentada à noite do que de dia, mas também se falava que a prostituição da época era quase pueril, se comparada à da Europa", conta Rezutti, que começou a se debruçar na história da profissão enquanto pesquisava material para um novo livro, ainda em desenvolvimento, sobre o assassinato da cortesã Nenê Romano, na década de 1920.

Quase uma lenda urbana, a italiana foi assassinada pelo amante Moacyr de Toledo Piza, membro de uma tradicional família paulistana.

"Em um dos passeios que organizamos pelo cemitério da Consolação, me interessei pelo túmulo do Moacyr, que teria matado Nenê por ciúmes e depois se suicidado –isso tudo dentro de um táxi. Então, comecei a escrever um livro com esse material e aprofundei a pesquisa na história da prostituição em São Paulo", diz o pesquisador sobre a criação do roteiro.

O passeio –que custa R$ 35 por pessoa e dura três horas– termina nas primeiras décadas do século 1920 com Mère Louise, uma prostituta francesa famosa por sua "pensão de artistas" e por ter ensinado, entre outras coisas, jovens a falar francês ou a discutir Balzác.

EMPREENDEDORES

O roteiro é a mais recente criação do Turismo na História, agência criada há cerca de um ano e meio por Rezutti e Kátia Loureiro, que usam marcos da cidade para contar histórias de personagens e lugares pouco conhecidos. Os temas variam e não costumam se repetir.

Ainda neste semestre, a dupla realizará uma rota no cemitério da Consolação –usando os túmulos para relembrar crimes que marcaram a cidade–, outra no Vale do Paraíba e uma excursão sobre o período imperial no Rio de Janeiro. A ideia é expandir ainda mais os horizontes com uma viagem para conhecer ruínas das missões jesuíticas no Sul do país, em dezembro.

História da Prostituição em São Paulo. Sáb. (13): das 13h às 16h30. Ponto de encontro: estação Sé, do metrô. R$ 35 (pagamento via PagSeguro ou depósito; não aceita pagamentos na hora). Mais no site

Publicidade
Publicidade