Espaços de convivência em SP incentivam criança a se divertir sem os pais por perto

Estefi Machado/Divulgação
Atividades no Mamusca, em Pinheiros, zona oeste, espaço que mistura brincadeiras e restaurante e é voltado para o público infantil
Atividades no Mamusca, em Pinheiros, zona oeste, espaço que mistura brincadeiras e restaurante e é voltado para o público infantil

Sentada no quintal do Mamusca, misto de espaço de brincadeiras com restaurante, na zona oeste paulistana, Maria, 3, usa um vestido de princesa cor de bala de uva –empréstimo da casa.

Compenetrada, ela manipula utensílios de cozinha tamanho PP sobre uma mesa que faria um adulto ficar corcunda. "Estou fazendo bolo doce de salsicha e suco de melancia", conta, enquanto rega um potinho de areia com água, seus ingredientes.

A algumas paredes dali, no salão onde são servidos doces e algumas receitas orgânicas, a mãe de Maria, Su Duarte, 35, saboreia o almoço –esse de verdade.

Ela leva a filha para o espaço em Pinheiros duas vezes por semana. Lá, a menina também pode pintar, ler, ou criar outros "faz de conta" por R$ 40 a hora.

"Maria não frequenta uma escolinha ainda. Prefiro trazer ela aqui, onde fica mais livre e os educadores são ótimos, interferem menos."

Disponibilizar momentos para crianças brincarem sem o direcionamento de pais ou educadores é a principal diretriz de espaços de convivência que têm surgido na capital.

A proposta dos locais consiste basicamente em utilizar materiais, ingredientes, tintas e livros para estimular as crianças a escolher o que querem fazer: construir brinquedos, criar histórias, encenar ou até cozinhar.

Espaços de convivência incentivam criança a se divertir sem pais por perto

Na Casa Ubá, na Vila Madalena, por exemplo, elas colocam a mão na massa. "Em casa, normalmente, as crianças têm alguém fazendo as coisas por elas. Até por uma questão de praticidade", diz Bruna Montarelli, 28, uma das idealizadoras do local. "Muitas nem sabem de onde vem a comida. Aqui, pegam os temperos no jardim."

Raquel Franzim, 36, assessora pedagógica do Instituto Alana, sem fins lucrativos, afirma que o aumento do número desses espaços nos últimos anos começou com shoppings, que criaram espaços de brincadeira para pais deixarem os filhos enquanto faziam compras. "Com o tempo virou um negócio."

Apesar de ressaltar que vê com estranheza o ato de "pagar para o filho brincar", a assessora considera a mudança um avanço.

Franzim destaca que há alternativas como o Slow Kids, que não possui um espaço físico e promove eventos ao ar livre. Com o objetivo de desacelerar os pequenos e estimular o convívio deles com os familiares, o movimento coloca ainda as crianças em contato com outras realidades sociais.

Tatiana Weberman, uma das responsáveis por esse projeto, diz que o conceito é o mesmo dos espaços de convivência, mas uma das intenções é fazer com que os convidados percebam onde estão. "Deixamos materiais à disposição. A criança pode se deparar com bacias de bola de sabão. Mas, se não quiser mexer, poderá subir em uma árvore ou até ficar só rolando no chão". É um convite.

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Estefi Machado/Divulgação
Atividades no Mamusca, espaço na zona oeste paulistana
Atividades no Mamusca, espaço na zona oeste paulistana

Mamusca
O espaço onde pais e filhos podem conviver é indicados para crianças de 0 a 6 anos. Para brincar, paga-se de R$ 40 (hora avulsa) a R$ 1.280 (plano mensal com quatro horas por dia). Para o próxima dia 12, estão programadas atividades como uma oficina de experiências musicais para bebês.

R. Joaquim Antunes, 778, Pinheiros, tel. 2362-9303.

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Cadê Bebê
Destinado aos pequenos de até seis anos, o local cobra de R$ 39 (hora avulsa) a
R$ 620 (plano mensal) por suas atividades. Para este mês das crianças, estão planejadas As Férias da Primavera (R$ 449), uma semana de brincadeiras desta segunda (10) até o próximo dia 14.

R. Emanuel Kant, 175 A, Jardim Europa, tel. 2361-5633.

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Marlene Bergamo/Folhapress
A Casa Ubá estimula as crianças a inventarem brincadeiras e a criarem vínculos
A Casa Ubá estimula as crianças a inventarem brincadeiras e a criarem vínculos

Casa Ubá
Na casa, que remete ao interior, os alunos (até 10 anos) preparam a própria comida com o auxílio de adultos. Os temperos podem ser colhidos no quintal. O pacote mensal custa R$ 710 e não há aulas avulsas. No Dia da Criança, a casa estará de portas abertas para receber pais e filhos para brincar.

R. Beatriz, 258, Vila Madalena, tel. 2574-2521.

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Casa do Brincar
Há aulas como a de dança materna (para grávidas e mamães com bebês em slings) e cursos de formação sobre temas relevantes para a infância. Destinado a crianças de 0 a 6 anos -as brincadeiras são no quintal. Paga-se por hora (R$ 55) ou mês (até R$ 560).

R. Ferreira de Araújo, 388, Pinheiros, tel. 3032-2323.

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Brincando no Pé
Disponibiliza fantasias, sucata e outros materiais para incentivar as brincadeiras. No Dia da Criança, ocorrerá o especial Do que meus Pais Brincavam?, com atividades como amarelinha, corda, bambolê e elástico. Preço: R$ 50 por família, mesmo valor de duas horas de atividades em um dia regular.

R. Pedroso de Camargo, 319, Chácara Santo Antônio, tel. 99364-6887.

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Criança Butantan
Parceria entre Andrea Lo Russo, do Piparia, e Marcela Resende, do Morada das Percepções, o projeto recebe crianças de 1 a 13 anos. Aberto às sextas, cobra de R$ 200 (meio período) a R$ 320 (integral).

R. José Esperidião Teixeira, 144, Instituto de Previdência, moradadaspercepcoes@gmail.com.

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StartArte
Para crianças e adolescentes de 4 a 12 anos, trabalha com materiais específicos no intuito de provocar a criação com um maior direcionamento. O processo poder resultar, por exemplo, em um livro. Para o Dia da Criança, promove um piquenique (R$ 110 por criança). Os cursos integrais custam entre R$ 110 (oficinas) e R$ 1.548 (planos mensais).

R. dos Macunis, 180, Vila Madalena, tel. 3097-8406.

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