Dois irmãos, um primo e um amigo de infância. Um cientista social, uma geógrafa, um cientista contábil e um cineasta. São os criadores de dois bares com comida árabe, de um bar a céu aberto, uma quitanda de produtos agroecológicos, uma microlanchonete e um restaurante asiático. Quatro desses locais num pequeno trecho do Baixo Pinheiros.
Um jeito de fazer negócios que foi crescendo baseado no "clima amistoso", guiado "pela vibração das coisas". Como quando alguém se apaixonava por uma ruazinha porque sua calçada era larga (algo sustentado depois por uma "região promissora, mesmo sem estar 100%").
Inspirados pela família de cozinheiros e por uma temporada na Europa, Piero Mazzamati e a irmã Gabriela Mattos abriram o Pita Bar e Kebab, em 2006, em Pinheiros, que serve comida árabe de um jeito pouco tradicional. Alguns anos depois, veio o Repita, na Granja Viana, onde Piero mora com a mulher. E, então, de olho em quem comia falafel pela primeira vez, Mauricio Cavallari, o primo, propôs a abertura de uma portinha para essa única receita. Que cresceu. Virou um estacionamento todo, como um bar a céu aberto, com plantas espalhadas no cinza e contêineres para abrigar a cozinha e o bar: é o Pitico, inaugurado em 2015 pelos três.
E aí pausamos a linha do tempo porque o Pitico —que ganhou um quarto sócio, o amigo Thiego Montiel— atraiu seu público a um pedaço diferente de Pinheiros, bem perto do largo da Batata, e isso parece ter virado uma chave.
Pelos portões escancarados na pequena rua Guaicuí entrava muita gente interessada em se sentar nas cadeiras de praia para tomar uma cerveja e comer um kebab (mais gente até do que eles esperavam). "Sempre pensamos em oferecer algo legal para a cidade. O que seria bom para o entorno? O que ainda não tem? E tentamos ser participativos, cuidar dos canteiros, fazer um cinema aqui e não cobrar, ter um wi-fi livre para a rua... Tentar falar sobre o uso da cidade, do público e do privado de uma forma democrática e justa", diz Gabriela.
E diante do crescimento do Baixo Pinheiros, da chegada de muitos outros negócios, a mudança do bairro passa a ser assunto para os sócios.
"O largo virou um ponto importante, o Carnaval acontece aqui, tem o Sesc, um monte de restaurantes e produtoras vindo para cá Não é que a gente esteja controlando esse processo de gentrificação [valorização de imóveis e serviços que empurra a população menos favorecida para áreas periféricas]. Então o lance é: como fazer um espaço que seja democrático? A visibilidade dá responsabilidade", diz Montiel.
Em 2016, eles abriram, anexo ao Pitico, a Quitandoca, projeto tocado por Gabriela e que reúne em uma loja itens cultivados por pequenos produtores, levando em conta a ecologia e uma economia solidária e justa.
No começo deste ano, vieram o Buraco Quente, uma pequeníssima lanchonete que vende apenas buraco quente, o tradicional sanduíche de carne moída em pão francês (em quatro versões) para comer na calçada, e o Mica, um restaurante asiático que tem pequenas porções de receitas com acentos diversos e drinques servidos em um balcão. Os dois na rua Guaicuí.
"Uma das queixas do Pitico é que é muito cheio. Tudo o que pensamos para resolver isso ia em direções contrárias ao que acreditamos. Cobrar? Barrar a entrada? Mas o Pitico é um ponto de encontro. Por isso criamos outras coisas. Para a rua ser o ponto de encontro, não só o bar", diz Cavallari.
Pitico. R. Guaicuí, 61, tel. 3582-7365. Seg.: 18h às 24h. Ter. a dom.: 12h às 24h
Quitandoca. R. Guaicuí, 53, tel. do delivery 99464-9791. Ter. a sex., das 9h às 20h30. Sáb. e dom., das 10h às 19h
Buraco Quente. R. Guaicuí, 26, Pinheiros, região oeste, tel. 3582-7365. Ter. a dom.: 18h à 1h.
Mica. R. Guaicuí, 33, tel. 3582-7365. Ter. a dom.: 12h às 23h45.
| Alberto Rocha/Folhapress | ||
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| Pitico, bar do Baixo Pinheiros |
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| Daniel Almeida | ||
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| Mapa do Baixo pinheiros |