Torneio de karaokê reúne amadores em busca de paixão, glória e viagem à Finlândia

Felipe Gabriel/Folhapress
O empresário Andrigo Cremiatto, 32, que irá disputar vaga em seletiva paulistana para o campeonato internacional de karaokê
O empresário Andrigo Cremiatto, 32, que irá disputar vaga em seletiva paulistana para o campeonato internacional de karaokê

Você gosta de cantar? Os cinco entrevistados que você vai conhecer a seguir adoram. Tanto que vão participar de seletivas paulistanas do KWC, competição internacional de karaokê.

"É como a Copa dos cantores amadores", diz Teka Barnabé, 59, detentora dos direitos do KWC (Karaokê World Championships) no Brasil.

É o terceiro ano em que a ex-funcionária pública promove o evento no país -o campeonato é realizado há 15 anos pela empresa finlandesa de itens para cantoria KSF.

Funciona assim: até agosto, cantores não profissionais de 18 a 60 anos de idade podem se inscrever em seletivas organizadas em diferentes casas de karaokê da cidade (veja a lista em kwcbrasiloficial.com ).

Em cada uma dessas seletivas serão escolhidos um homem e uma mulher. Entre os jurados estão profissionais da música e apreciadores de karaokê. A taxa de inscrição é de R$ 60.

Em setembro, as duplas selecionadas em SP e em outros Estados (como RJ, RS e SC) competem em outra etapa em São Paulo na qual será escolhido o casal que representará o Brasil na final mundial do KWC.

A decisão será realizada em novembro na cidade de Helsinque, na Finlândia.

Segundo Teka, duplas de 30 países devem participar desta edição. Conheça a seguir cinco dos inscritos que vão disputar vagas.

A FÃ | A PROFESSORA | O EMPILHADOR | A INABALÁVEL | O ESCOTEIRO |

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A FÃ

Felipe Gabriel/FolhaPress
Iara Campregher Pasqualini, 34, se apresenta em palco de karaokê na Liberdade
Iara Campregher Pasqualini, 34, se apresenta em palco de karaokê na Liberdade

Iara Pasqualini, 34, é apaixonada por Stevie Wonder. E não por ela não enxergar desde pequena, como ele.

"A voz dele é linda e tem alma. Ele consegue ser doce e sensual, confiante e sensível, tudo ao mesmo tempo. É o homem perfeito!", diz a jornalista que trabalha nas redes sociais do Metrô e já fez tranças no cabelo para "ficar no estilo Wonder".

Nascida em Pirituba e hoje moradora da Vila Mariana, ela gosta de cantar desde criança. Já frequentou corais, aulas de canto e teve bandas de rock, em que cantava "covers" de Scorpions –grupo do qual ela assistiu a sete shows.

Inclusive um na Alemanha, em 2014. "Uma amiga mandou um e-mail para eles dizendo que eu ia só para vê-los. E era mesmo: fui na sexta, o show era no domingo e voltei na segunda porque tinha uma peça para apresentar", lembra ela, que integra um grupo de teatro musical. "Conheci a banda e andei na Mercedes deles!"

Sua primeira vez em um karaokê, diz, foi um "desastre". "O pessoal lê na tela, né? Eu, não. Na época, não me toquei que teria que saber a hora certa de entrar na música. Agora eu decoro tudo."

Iara sonha em ser cantora. "E acho que ainda dá tempo. Por isso, estou sempre correndo atrás."

No karaokê canta bem: Músicas de Janis Joplin

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A PROFESSORA

Felipe Gabriel/Folhapress
Conceição Barbosa, 55, professora e moradora da Mooca; para ela, karaokê é "paixão"
Conceição Barbosa, 55, professora e moradora da Mooca; para ela, karaokê é "paixão"

Conceição Barbosa, 55, é graduada, pós-graduada, mestre e doutora.

Já teve empregos nas áreas bancária, de seguros, de alimentos e, há 11 anos, trabalha no Mackenzie, onde dá aulas e coordena cursos de educação à distância.

"E estou sendo entrevistada por causa do karaokê! [risos]", diverte-se a mãe de duas filhas já adultas nascida no Brás e que atualmente mora na Mooca.

Para ela, o karaokê é "uma paixão". "Não tenho pretensão de ser cantora. Participo [do campeonato] pela oportunidade de fazer algo bonito e conhecer gente", diz.

Ela descobriu gostar de cantar quando era criança, inspirada pelo filme "A Noviça Rebelde" (1965). "Eu atormentava as professoras da escola para elas terminarem a aula antes e eu poder fazer meu show na sala", lembra. Isso aos oito anos.

Hoje, ela quer "fazer jurado chorar". "E já fiz. Não sou a melhor voz, mas em presença de palco não tem para ninguém", gaba-se, sorridente.

"Uma vez disseram que quando subo no palco eu pareço ter dois metros de altura", orgulha-se. Ela tem 1,68m.

No karaokê canta bem: "Ne Me Quitte Pas", de Edith Piaf, e "Angel", de Sarah McLachlan

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O EMPILHADOR

Felipe Gabriel/Folhapress
Andrigo Cremiatto, 32, empresário e entusiasta de karaokês
Andrigo Cremiatto, 32, empresário e entusiasta de karaokês

Andrigo Cremiatto, 32, diz que sempre foi um cara diferente. "A começar pelo meu nome", brinca o morador do Tucuruvi que vira e mexe se veste com fraque e chapéu coco.

Criado em Cordeirópolis (SP), o empresário veio para São Paulo em 2008 para tocar sua empresa de empilhadeiras. "Era uma firma pequena", lembra Cremiatto.

Até que ele teve uma ideia: fazer paródias musicais para promover a loja. Foi então que surgiu a tarantela da empilhadeira, cujos versos "Venha, Venha, comprar empilhadeira!" são cantados sobre o ritmo de "Funiculi Funicula" (clássico de cantinas italianas). Está no YouTube.

"Antes, o telefone tocava três vezes por dia. Depois da música, tocou 50 vezes", recorda-se, sentado à mesa de seu escritório, cujas prateleiras guardam 832 miniaturas de super-heróis e de veículos de guerra, além de uma enorme espada ("usada em gravação", diz ele) do filme "O Senhor dos Anéis".

Desde a primeira paródia, já surgiram versões de "Gangna Style" a "Lepo Lepo" –escritas com a ajuda de sua mulher, com quem está casado há 12 anos e tem duas meninas.

Veja a paródia do hit sulcoreano "Gangna Style" feita por Cremiatto

E há outras para serem produzidas, acrescenta ele. Uma, inclusive, já está com a ideia pronta: "Diário de um Gerente", em referência ao rap "Diário de um Detento", do grupo paulistano Racionais MC's.

Filho de pastor presbiteriano, ele já integrou bandas e coral. O karaokê é uma de suas "paixões".

"Vou ao campeonato por hobby, mas a gente sempre abastece o sonho. É uma oportunidade. O cara que ganhou no ano passado apareceu na Ana Maria Braga."

Seu forte, afirma, são músicas românticas italianas.

No karaokê canta bem: "Con Te Partirò", de Andrea Bocelli, e hits românticos.

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A INABALÁVEL

Felipe Gabriel/Folhapress
A paulistana Kelli Dantas, 27, que vai participar de etapa seletiva paulistana de torneio de karaokê internacional
A paulistana Kelli Dantas, 27, que vai participar de etapa seletiva paulistana de torneio de karaokê

Quem vê Kelli Dantas, 27, falante e sorridente não imagina que ela já passou por poucas e boas. "Eu só não nasci na roça e vim para a capital cantar, mas a minha história de superação é grande", diz a moradora da Vila Cisper, na zona leste.

Ela se refere a um acidente grave que sofreu aos 18 anos. Em busca do "sonho" de cantar, foi se apresentar com um grupo em Itaquaquecetuba. "Minha mãe estava começando a deixar eu sair", lembra.

Na volta do show, um ônibus se chocou com o carro em que Kelli estava. O motorista, de 22 anos, morreu. "Acordei do coma dez dias depois. Coloquei 12 parafusos, tive fratura exposta. Perfurei tudo quanto é órgão."

Mas ela seguiu cantando, algo que gosta de fazer desde pequena, quando se autointitulava Mariah Kelli (em referência à cantora Mariah Carey).

"Cantar, para mim, é uma vitória. Sempre que canto lembro do milagre que sou", diz a ex-armadora de basquete colegial de 1,62 m que tem uma clínica de estética.

Seu sonho é se tornar uma cantora "reconhecida". "Porque cantora eu já sou", diz. E sorri.

No karaokê canta bem: "Olhos Coloridos", de Sandra de Sá, e músicas de Jennifer Hudson.

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O ESCOTEIRO

Felipe Gabriel/Folhapress
Rafael Miranda tenta vaga no KWC, campeonato de karaokê que terá final na Finlândia
Rafael Miranda tenta vaga no KWC, campeonato de karaokê que terá final na Finlândia

A primeira vez que Rafael Miranda, 20, cantou em um karaokê foi à beira da praia em Piúma, no Espírito Santo, quando ele tinha 15 anos e era escoteiro.

"Perto do nosso acampamento tinha um restaurante com equipamento de karaokê e resolvi tentar", conta o mineiro de Conselheiro Lafaiete. Música escolhida: "Suspicious Minds", de Elvis Presley, de quem ele é fã.

"Fiz 98 pontos, foi sensacional!", lembra sobre a nota calculada pela própria máquina ao término de cada canção.

Formado em curso técnico de edificação, hoje ele quer ser ator. Por isso, mudou-se para São Paulo e começou a estudar teatro musical. "Canto desde criança, comecei em coral de igreja."

Para além de Elvis, ele menciona outras influências "muito importantes" em seu canto: Frank Sinatra e o folhetim "Terra Nostra".

Em homenagem ao primeiro, o rapaz tem um pequeno desenho de chapéu tatuado em sua perna esquerda.

Sobre a novela, cita um CD com músicas da trama que, quando era criança, ganhou de presente de seu pai. "Cantar, dançar e interpretar: é o que eu adoro."

No karaokê canta bem: "I Want to Break Free", do Queen.

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Veja os cinco cantando juntos após sessão de fotos realizada para esta reportagem. Ao lado deles estão Teka Barnabé, 59, organizadora do KWC Brasil, e sua filha e sócia, Izabel Nori, 23.

Veja os cinco cantando juntos

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SOLTE O SEU GOGÓ

Três sugestões de casa para quem quiser curtir um karaokê:

Arte Pizza
Palco de modernos, figuras do centro e outros tipos da noite.

R. Nestor Pestana, 237, Consolação, tel. 95322-3991

Samurai
Clássico. Oferece salão para a cantoria e sofás para a plateia.

R. da Glória, 608, Liberdade, tel. 3208-6969

Yellow K
Moderno e interativo, tem espaços coletivos e salas privativas.

R. Prof. Atílio Innocenti, 43, V. N. Conceição, tel. 3168-1565

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