Em Campos Elíseos, no centro de São Paulo, grupo leva a gentileza para a solução de problemas

A diretora de TV Sonia Bongiovanni é moradora recente de Campos Elíseos, bairro na região central da cidade. Ela engrossa a leva de artistas e intelectuais que hoje é parte crescente da população do bairro, que mistura famílias antigas, imigrantes e gente que ocupa moradias coletivas.

Logo se entendeu com a nova vizinhança. "Não consigo imaginar não ter uma intersecção com o entorno. Acredito em um tipo de vida em que a calçada é parte da minha casa. Gosto de andar a pé, de conviver com os vizinhos", diz Sonia.

Assim que se mudou, tomou conhecimento da Associação Campos Elíseos + Gentil. Subsidiado por uma empresa instalada no bairro, a Porto Seguro, o grupo atua na zeladoria urbana junto com os moradores.

No dia a dia, funciona como central de reclamação, administrando as denúncias feitas por meio de um aplicativo. "Ando muito a pé e envio alertas sobre o que vejo de errado", relata Sonia. "É um jeito de o cidadão ajudar o poder público." A partir da denúncia, um funcionário da associação protocola a queixa na prefeitura, que tem prazo definido para resolver a questão.

De tempos em tempos, a + Gentil realiza ações pontuais, como as que têm como objetivo conscientizar donos de animais que são responsáveis por recolher o cocô de seus cães ou alertar comerciantes sobre o descarte irregular de lixo —queixas recorrentes.

"O momento está muito grave. Há questões sérias para resolver no bairro, como a cracolândia. Mas tem muita coisa que dá para fazer nesse esquema colaborativo", acredita Sonia.

"Fizemos jardins, plantamos hortas, prendemos orquídeas nas árvores", lembra ela. "Às vezes, os próprios moradores aparecem dizendo: 'Que bobagem, vão roubar tudo.' Mas quando você faz uma vez, faz outra, faz a terceira, eles começam a ver que as coisas vão melhorando em volta e surgem novas pessoas interessadas em ajudar. A associação aumenta e vai criando no bairro uma tradição de moradores participantes."

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