Novo restaurante do largo da Batata homenageia a chapada Diamantina

Eduardo Knapp/Folhapress
Roupa Velha, Baião de Dois e Godó de Banana
Roupa Velha, Baião de Dois e Godó de Banana

Ieda de Matos, 46, nascida na chapada Diamantina, na Bahia, desde pequena ajudava o pai a plantar feijões e a colher mandioca. Enterrava as raízes num rio de águas calmas por sete dias. Eis que a massa fermentada mais tarde lhe servia no preparo do mingau, em um caldeirão, e dos quitutes que suas tias vendiam na feira, aquecidos com carvão em lata de tinta.

Também foi observando o pai que a cozinheira aprendeu a salgar as carnes, processo adotado naquela época para conservá-las e hoje repetido em seu restaurante recém-aberto no largo da Batata, a Casa de Ieda. Miudinho, traz certo aconchego familiar, xilogravuras, marmitas coloridas de ágata, um capricho.

Trata-se do desenrolar de seu food truck, o Bocapiu (sacola de palha usada no Nordeste para fazer feira), onde faz homenagem à cozinha de sua região, com simplicidade, esmero e preços contidos (entradas a R$ 15, pratos a R$ 28 e sobremesas a R$ 7).

Ieda serve, por exemplo, o godó de banana verde, consumido outrora por garimpeiros. Combinam-se à fruta cubos de carne de sol curada por ela, macia e de sabor intenso, arroz-vermelho e chips de batata-doce (esses podiam livrar-se mais da gordura antes de ir à mesa).

No Roupa Velha, o arroz-vermelho chega na companhia de um cremoso e denso pirão de queijo coalho (feito delicadamente em fogo gentil, chega ao ponto com farinha de mandioca), carne de sol desfiada e uma conserva. A de maxixe dá acidez e equilíbrio ao conjunto, uma beleza.

Nota-se, pois, que no cardápio (enxuto e rotativo) alguns elementos se repetem com frequência, mas são apresentados em formas e combinações diferentes.

De sua minicozinha, à vista, onde são feitos os pedidos, também saem bolinhos como o de pirão de queijo de coalho recheado com carne de sol, com um provocante vinagrete apimentado -aromático, de picância suave. Para sobremesa, doces de tabuleiro.

Ainda valem os sucos (mangaba, seriguela, cajá-manga, R$ 8) e o aluá feito na casa, bebida fermentada de abacaxi, gengibre, especiarias e rapadura (trazida da chapada, aliás).

Falta, pois, o cafezinho nosso de cada dia. Por enquanto, grãos das mesmas bandas são servidos só aos sábados, coados, com respeito ao ritual: moídos na hora e preparados à frente do cliente, em quatro métodos.

Casa de Ieda

R. Ferreira de Araújo, 841, Pinheiros, tel. 4323-9158. Quando: de ter. a sex., das 11h30 às 15h; sáb., das 12h às 16h

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