Galeria de arte contemporânea em Perdizes planeja expansão e nova cafeteria

Presidente do grupo Porto Seguro há quase 12 anos, Fábio Luchetti poderia ter comprado barcos, helicópteros ou uma série de carrões com o dinheiro que conseguiu juntar nesse período todo, mas ele resolveu seguir por outro caminho e abrir uma galeria de arte. "Talvez essa seja a minha loucura", diz o empresário, que é dono da Adelina Galeria e planeja uma grande expansão para o meio deste ano.

Mas "loucura" é só um modo de dizer. Apesar de o ramo da arte ser considerado um negócio arriscado, a escolha de instalar o espaço cultural em Perdizes foi
tomada após um estudo criterioso encomendado para uma consultoria especializada em espaços públicos. "Não havia galeria de arte no bairro, e isso me chamava atenção", diz o executivo, que foi atrás de dados que pudessem comprovar a viabilidade do projeto.

Zanone Fraissat/Folhapress
Fabio Luchetti, CEO da Porto Seguro, na galeria Adelina
Fabio Luchetti, CEO da Porto Seguro, na galeria Adelina

A empresa contratada concluiu que os moradores queriam, sim, um local mais próximo dedicado à arte, e também que o bairro possuía a terceira maior renda per capita da cidade e a maior concentração de intelectuais, segundo ele. Com as respostas animadoras, a galeria foi ganhando forma na ladeira da rua Cardoso de Almeida e hoje, 11 meses após a abertura, já recebeu dez exposições vistas por aproximadamente 4.000 visitantes. Mas o plano é não parar por aí.

Luchetti, que deu o nome de Adelina à galeria em homenagem à sua mãe, comprou o terreno ao lado e pretende iniciar as obras de ampliação ainda neste mês —a ideia é abrir o espaço em agosto.

Os 450 metros quadrados atuais, divididos em três andares, vão chegar a 700 metros no total. Haverá uma nova parte térrea com pé-direito duplo, abrindo mais possibilidades para que os artistas possam criar grandes instalações, e um mezanino com uma cafeteria comandada pela chef Ana Soares, da Mesa III, com capacidade para 40 pessoas.

"Vai ter brunch, almoço e happy hour", explica o empresário, que prevê um investimento total de R$ 4 milhões —somando os R$ 2,5 milhões iniciais mais R$ 1,5 milhão da reforma. "Com o novo café, as pessoas vão ficar mais tempo por aqui, circular mais."

GRUPOS ESCOLARES

Com mais de 50 obras de arte em seu acervo pessoal e uma pós-graduação em museologia, colecionismo e curadoria no Centro Universitário Belas Artes, Luchetti queria expandir o alcance de uma galeria tradicional e não se tornar apenas um local para venda de obras. Por isso, ele inseriu na programação cursos e oficinas que procuram estreitar a relação entre público e arte.

Outro diferencial foi contratar uma educadora para receber os visitantes e explicar, caso queiram, detalhes das obras e do processo criativo de cada um dos artistas convidados —a exposição em cartaz atualmente é a do chileno Francisco Valdés, até 31/3.

"Custa contratar uma educadora? Custa. Mas se cada galeria trabalhar seus dois ou três quilômetros ao redor fazendo um trabalho de educação, convidando o público para participar de fato, tudo isso traz mais consciência", diz, referindo-se ao fato de que o brasileiro, de modo geral, frequenta muito pouco museus e, sobretudo, galerias. "Eu não acho que vai resolver o problema agora, mas vai resolver daqui a dez anos. Temos que começar a ir do micro pro macro, porque no micro eu posso fazer a diferença."

É por isso que periodicamente a Adelina recebe grupos de idosos e de crianças e adolescentes de escolas públicas municipais e estaduais, com ônibus e alimentação no pacote. Tudo pela formação de novos públicos.

"O empresário precisa ter utopia, porque são as utopias que movimentam tudo. Ir em direção a um sonho que às vezes talvez seja inatingível. Mas pelo menos você sai do ponto zero e chega em algum lugar."

R. Cardoso de Almeida, 1.285, Perdizes, tel. 3868-0050. Inf. para escolas: oi@adelinagaleria.com.br. Grátis.

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ADELINA GALERIA
De Fábio Luchetti, CEO da Porto Seguro

O que está rolando
A mostra "Fantasma Escandinavo", do artista chileno Francisco Valdés, conta com 12 telas que mesclam texturas e criam ilusões de ótica (até 31/3)

O que vem por aí
O grupo argentino Doma, que promove intervenções, street art e animações, já prepara trabalhos para uma exposição marcada para abril

Aproveite!
Passe um tempo na agradável área onde fica a jabuticabeira, com banquinhos em volta; a partir de agosto, tire um tempo para curtir a nova cafeteria

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