Há 20 anos, Vicolo Nostro mantém esmero nos preparos italianos e serviço primoroso

Soa inesperado que haja um restaurante a conservar a mesma aura clássica, ao longo dos tempos, numa cidade inquieta como São Paulo. Voltar ao Vicolo Nostro, que comemora 20 anos de operação no Brooklin, revela essa possibilidade de encontro com o passado -e com uma cozinha que manteve-se apoiada no mesmo eixo, os vigorosos preparos do norte da Itália.

Segue instalado em um espaço que faz referências a uma viela italiana, capaz de isolar os clientes do frenesi urbano, cuja entrada é traçada por um caminho de paralelepípedos, que outrora recebera caminhões a descarregar farinha.

Ali funcionou uma fábrica de pães e, que beleza, aproveitou-se da tradição para concentrar, até hoje, esse preparo na casa. Pães variados são repostos regularmente no couvert e, portanto, preservados quentes.

Na sequência, um cardápio extenso, à moda antiga, no qual convivem receitas dos primórdios da casa e novidades incorporadas por Cristiano Panizza, filho da proprietária Silva Borella Piran, que começou na cozinha em grandes eventos automobilísticos.

Desde 1998, por exemplo, é inabalável o estrelato do filé-mignon recheado com queijo brie e risoto de cogumelos (R$ 98). A carne chega à mesa envolvida em um rôti pujante, enriquecido com ervas, na companhia de um risoto de cogumelos -cremoso e de grãos firmes.

Ainda mais vigoroso e tradicional é o ossobuco de vitela com risoto de açafrão e parmesão (R$ 98) servido com o osso -o tutano pode ser pinçado e dar untuosidade ao todo. De suas aparas, aliás, faz-se um ragu com nhoque de mandioquinha (R$ 79).

Deste ano, são vistosos e perfumados os camarões-rosa grelhados com risoto de parmesão e limão-siciliano (R$ 115). Saem-se bem, com carnudos e adocicados dentes de alho assados, salsinha e cubos de tomate, mas uma cocção mais gentil lhes fariam melhor.

Ao final, o preço das sobremesas eleva a conta, sem lá muito deleite. Ainda que haja um belo zabaione, creme de ovos espesso a exibir um toque alcoólico de Marsala (R$ 28), o anacrônico bolinho de chocolate quente, recheado com creme e morangos frescos, chega à mesa murcho, mal-ajambrado e custa R$ 31.


VICOLO NOSTRO
Onde: r. Jataituba, 29, Brooklin, tel. 5561-5287
Quando: de seg. a qui., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sex., das 12h às 15h e das 19h à 1h; sáb., das 12h às 16h30 e das 19h à 1h; dom., das 12h às 16h30.
Avaliação: Bom

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